Se quando falámos no caso do Slack evidenciámos a mudança de escala da empresa como possível justificação para a mudança para um estilo mais conservador e consensual, no caso da Zara o restyling surgiu aparentemente vindo de nenhures, sem nada que o justifique.
A nova face de uma das marcas de referência do gigante grupo têxtil Inditex foi apresentada a reboque da colecção Primavera/Verão 2019, com um elemento comum a cruzar as iniciativas: o director de arte Fabien Baron, responsável pela campanha de época e um dos elementos do estúdio Baron & Baron, onde foi trabalhada a mudança.
A nova identidade da Zara não é propriamente uma alteração disruptiva ou que impacte todos os seus clientes; é provável que acabe por escapar à maioria mas não escapou ao olho de designers e internautas em geral. Ao contrário de outras marcas do mesmo segmento, a Zara não optou nesta mudança por largar a sua tipografia serifada e assumir uma identidade mais neutra. Em sentido oposto, o estúdio Baron & Baron apostou numa fonte serifada clássica personalizada através da diminuição do espaçamento entre letras, dando origem a sobreposições.
Ora, são precisamente essas sobreposições que estão a encantar designers por aí que, no habitual espírito de repulsa a novas identidades, se dedicou a fazer algumas suposições.
User's: the new Slack logo was awful
ZARA: hold my beer… pic.twitter.com/8NmOK3Pqfp
— Abdulsamad Umar (@justabdulsamad) January 27, 2019
Zara have updated their logo. pic.twitter.com/GhhQziNV1D
— fabio (@fffabs) January 26, 2019
Outra das questões que tem surgido em resposta a este trabalho da Baron & Baron recai sobre a tipografia, uma vez que a fonte agora utilizada foi criada em para a revista Harper’s Bazaar, na altura em que Fabien Baron era o seu director criativo, mantendo-se até hoje em utilização no logótipo da publicação.
A mudança da tipografia não foi, contudo, a única nem a principal peça deste projecto. Todos os materiais de comunicação da Zara sofreram uma forte renovação em peças que podem ser conhecidas no caso de estudo no site da Baron & Baron ou nos próprios canais de comunicação da marca.
Como se pode ler na mesma página, a evolução da marca pretende projectar um novo posicionamento, associando a Zara a um segmento superior àquele em que actualmente actua. Mais um exemplo paradigmático da forma como a identidade gráfica é utilizada para modificar perspectivas e ajustar percepções, mais do que para reflectir de um modo honesto a experiência associada à marca.
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