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Uma outra forma de medir o tempo… e “redescobrir a sua natureza original”

Uma outra forma de medir o tempo… e “redescobrir a sua natureza original”

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23 Julho, 2020 /

Índice do Artigo:

Para o autor deste projecto, os relógios com ponteiros e números são produtos de uma sociedade que valoriza o progresso, produtividade e o capital acima de tudo o resto.

Estar presente é diferente de estar no presente. Por isso, um artista norte-americano, Scott Thrift, em colaboração com alguns amigos desenvolveu um trio de relógios que pretendem ajudar-nos a “redescobrir a natureza original do tempo – e uma forma mais holística de viver” – despertando a nossa consciência para os ciclos do dia, da Lua e do ano.

Em vez deste relógios terem horas e minutos, Scott criou-os com cores que representam fases do dia (amanhecer, dia, anoitecer, noite), uma fase da lua (nova, crescente, cheia, minguante) ou uma estação do ano (Inverno, Primavera, Verão, Outono), respectivamente.

Relógio do Dia
Relógio da Lua
Relógio do Ano

O relógio para o dia tem tons que variam entre o azul claro (dia) e o azul escuro/roxo escuro (noite), com tons intermédios que representam o amanhecer e o anoitecer. O relógio da Lua é em tons de cinza, permitindo estabelecer o paralelo entre uma Lua Nova (preto) e uma Lua Cheia (branco), assim como com as fases de transição entre elas. Já o relógio do ano divide-o nas quatro estações: azul para o Inverno, verde para a Primavera, amarelo para o Verão e vermelho para o Outono. Não há quaisquer números, texto ou sons.

“Já temos instrumentos de tempo que nos mostram como chegar a tempo”, refere Scott Thrift à revista Wired. “Estes são instrumentos de tempo que nos mostram como estar no tempo.” A ideia é mesmo sentir uma ligação mais natural com o tempo e menos artificial. “Estamos fora de balanço com o tempo por alguma razão. Estamos a olhá-lo de uma forma linear e industrializada. Estamos a perder a ligação com o mundo natural.”

Para Scott, os relógios são produtos de uma sociedade que valoriza o progresso, produtividade e o capital acima de tudo o resto. “Estamos a viver os efeitos a longo prazo do pensamento a curto prazo”, acrescenta. “Não acho possível pensarmos a longo prazo se o modo como medimos o tempo é com um dispositivo de curto prazo que mostra apenas os segundos, minutos e horas. Não podemos ver as coisas no curto prazo.”

O projecto foi baptizado de The Present. Scott Thrift, juntamente com Jonathan Harris, Alex Daly e Hamish Smyth, está a apresentá-lo na plataforma Kickstarter, de modo a angariar fundos para concretizar os relógios em formato físico; através de contribuições entre 9 e 899 dólares, é possível adquirir um destes relógios ou o conjunto dos três – os materiais podem variar entre aço e vidro, e cortiça produzida em Portugal.

A ideia não é propriamente nova. Scott Thrift já tinha apresentado um relógio com base no mesmo conceito em 2012 e outro em 2016; esses dois relógios representavam o ano e o dia. O novo projecto acrescenta um terceiro relógio para os ciclos lunares e relança a primeira ideia.

Autor:
23 Julho, 2020

Jornalista no Shifter. Escreve sobre a transição das cidades e a digitalização da sociedade. Co-fundador do projecto. Twitter: @mruiandre

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