Se habitualmente metemos no mesmo saco Twitter, Facebook e Instagram, a verdade é que a filosofia por de trás destas marcas é diametralmente diferente. Com um número de utilizadores muitíssimo mais baixo e uma empresa dedicada a uma só plataforma, o Twitter, liderado por Jack Dorsey, tem mostrado uma postura mais ágil e uma visão menos economicista do seu desenvolvimento. Prova disso foi o abdicar dos anúncios de políticos na sua plataforma e outra evidência surgiu hoje: Dorsey, revelou na sua conta que no Twitter que a empresa irá financiar uma pequena equipa de desenvolvimento para trabalhar numa norma (standard) aberta e descentralizado para redes sociais.
Twitter is funding a small independent team of up to five open source architects, engineers, and designers to develop an open and decentralized standard for social media. The goal is for Twitter to ultimately be a client of this standard. 🧵
— jack⚡️ (@jack) December 11, 2019
O projecto, denominado BlueSky, contará com engenheiros, programadores e designers, e terá como objectivo a longo prazo criar um protocolo aberto, transparente e descentralizado para as redes sociais. Um standard é um protocolo que contenha as especificações ou directrizes que determinem como determinado produto na internet deve ser – a sua abertura e descentralização poderia simbolizar que em vez de acedermos a determinada rede social poderíamos “ter” a nossa própria rede social como acontece actualmente com o e-mail.
Dorsey explica que o seu objectivo final seria que o Twitter pudesse ser um cliente deste protocolo, ou seja, tal como as várias operadoras de e-mail. Para dar um exemplo concreto podemos falar do ActivityPub, um protocolo de social networking, aberto e descentralizado, e que serve de base a redes sociais descentralizadas como o Mastodon (estilo Twitter), ou o PeerTube (estilo YouTube).
Na thread que fez no seu perfil, Jack Dorsey disse ter sido inspirado por um artigo do Knight Columbia, que falava desta diferente abordagem à internet por um mundo com maior liberdade de expressão. Nesse artigo, o autor sugere que se voltem a desenvolver protocolos em vez de plataformas, dando não só o exemplo do e-mail como outro muito familiar: o IRC, que servia para chat e tinha como clientes o famoso mIRC.
Dorsey mostrou ainda que parte desta ideia surge depois de assumir a dificuldade neste modelo centralizado em abordar os desafios a longo prazo com que as redes sociais se debatem, bem como da ideia de que o valor das redes sociais se centra cada vez menos na hospedagem de conteúdo e cada vez mais na capacidade de recomendação dos mesmos, dando nota de que “infelizmente a maioria dos algoritmos são proprietários, e ninguém pode escolher ou criar alternativas”. Jack explica que a forma como as redes sociais actualmente funcionam incentiva a controvérsia e a polémica e que, através da criação de uma plataforma aberta e descentralizada com diferentes clientes, os utilizadores poderão procurar experiências diferentes.
Na mesma sequência de tweets, o executivo fala de que possibilidades como esta surgem graças a novas tecnologias como o blockchain, que estabelecem os fundamentos para uma internet diferente, em que a tecnologia persuasiva e aditiva não seja o único caminho.