Com certeza que nos últimos dias te cruzaste com anúncios e até notícias de que hoje, um dia depois do Dia de Acção de Graças nos Estados Unidos da América, seriam a já famosa Black Friday, dia em que os preços de tudo e mais alguma coisa ficariam com descontos brutais. Tradicionalmente este dia inaugura a época de compras natalícias e é tacitamente celebrado desde os longínquos 1950, apesar de só nos últimos anos ter ganho a força de Black Friday e se ter globalizado em força, pelo poder do marketing, chegando, por exemplo, ao nosso distante Portugal. A mutação do que era uma tradição numa espécie de ritual puramente consumista gerou o seu revés e contra a corrente, a meio dos anos 1990 surgiu o Buy Nothing Day — o Dia Mundial Sem Compras.
Criado pelo artista canadiano Ted Dave, o Buy Nothing Day começou por ser celebrado em Setembro, uma vez que o seu criador queria evitar conotações com uma postura anti-natalícia. Contudo, o movimento amplamente promovido pela revista adbusters ganhou vida própria e ao afastar-se da sua fundação acabou por ser arrastado para a Black Friday como movimento contraditório à tendência global.
Desde a sua criação o movimento foi tendo algumas modificações e nos últimos anos surgiu mais um argumento a sustentá-lo. Para além da ideia inicial de se opôr à necessidade de consumo para afirmação pessoal — por exemplo expressa na obra icónica de Barbara Kruger que surge em destaque no artigo — associa-se também o argumento ambientalista. É que se é verdade que o peso de cada indivíduo na pegada ecológica global é diminuta, também o é que é a procura desmedida por bens de consumo que gera o crescimento das empresas, a exploração de recursos e a geração de toneladas de lixo, como recorda o anúncio criado pela Adbusters há 23 anos que podes ver aqui.
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