Black Friday ou Buy Nothing Day? Os dois lados da história deste dia

Obra de Barbara Kruger

Black Friday ou Buy Nothing Day? Os dois lados da história deste dia

A mutação do que era uma tradição numa espécie de ritual puramente consumista gerou o seu revés e contra a corrente, a meio dos anos 1990 surgiu o Buy Nothing Day — o Dia Mundial Sem Compras.

Com certeza que nos últimos dias te cruzaste com anúncios e até notícias de que hoje, um dia depois do Dia de Acção de Graças nos Estados Unidos da América, seriam a já famosa Black Friday, dia em que os preços de tudo e mais alguma coisa ficariam com descontos brutais. Tradicionalmente este dia inaugura a época de compras natalícias e é tacitamente celebrado desde os longínquos 1950, apesar de só nos últimos anos ter ganho a força de Black Friday e se ter globalizado em força, pelo poder do marketing, chegando, por exemplo, ao nosso distante Portugal. A mutação do que era uma tradição numa espécie de ritual puramente consumista gerou o seu revés e contra a corrente, a meio dos anos 1990 surgiu o Buy Nothing Day — o Dia Mundial Sem Compras.

Criado pelo artista canadiano Ted Dave, o Buy Nothing Day começou por ser celebrado em Setembro, uma vez que o seu criador queria evitar conotações com uma postura anti-natalícia. Contudo, o movimento amplamente promovido pela revista adbusters ganhou vida própria e ao afastar-se da sua fundação acabou por ser arrastado para a Black Friday como movimento contraditório à tendência global.

Desde a sua criação o movimento foi tendo algumas modificações e nos últimos anos surgiu mais um argumento a sustentá-lo. Para além da ideia inicial de se opôr à necessidade de consumo para afirmação pessoal — por exemplo expressa na obra icónica de Barbara Kruger que surge em destaque no artigo — associa-se também o argumento ambientalista. É que se é verdade que o peso de cada indivíduo na pegada ecológica global é diminuta, também o é que é a procura desmedida por bens de consumo que gera o crescimento das empresas, a exploração de recursos e a geração de toneladas de lixo, como recorda o anúncio criado pela Adbusters há 23 anos que podes ver aqui.

Se chegaste até ao fim, esta mensagem é para ti

Num ambiente mediático que, por vezes, é demasiado rápido e confuso, o Shifter é uma publicação diferente e que se atreve a ir mais devagar, incentivando a reflexões profundas sobre o mundo à nossa volta.

Contudo, manter uma projecto como este exige recursos significativos. E actualmente as subscrições cobrem apenas uma pequena parte dos custos. Portanto, se gostaste do artigo que acabaste de ler, considera subscrever.

Ajuda-nos a continuar a promover o pensamento crítico e a expandir horizontes. Subscreve o Shifter e contribui para uma visão mais ampla e informada do mundo.

Índice

  • João Gabriel Ribeiro

    O João Gabriel Ribeiro é Co-Fundador e Director do Shifter. Assume-se como auto-didacta obsessivo e procura as raízes de outros temas de interesse como design, tecnologia e novos media.

Subscreve a newsletter e acompanha o que publicamos.

Eu concordo com os Termos & Condições *

Apoia o jornalismo e a reflexão a partir de 2€ e ajuda-nos a manter livres de publicidade e paywall.

Bem-vind@ ao novo site do Shifter! Esta é uma versão beta em que ainda estamos a fazer alguns ajustes.Partilha a tua opinião enviando email para comunidade@shifter.pt