Julho de 2009, o mês das ruivas La Roux e Florence

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Julho de 2009, o mês das ruivas La Roux e Florence

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Editaram discos de estreia na mesma semana, a de ressaca da morte de Michael Jackson, e o resto é o que se sabe: uma transformou-se numa superestrela, a outra caiu no esquecimento.

Comecemos por esclarecer um pormenor no primeiro parágrafo: está escrito assim porque me ajudava a alimentar este “duelo” de ruivas. A La Roux era na verdade os La Roux, um duo que tem na ruiva Elly Jackson quase 100 por cento do destaque e que tinha Ben Langmaid como elemento quase ausente de tudo o que seria a promoção de La Roux. Tanto Florence como Jackson tentam espantar relações falhadas, mas fazem-no de forma radicalmente diferente.

Recuemos a Dezembro de 2008. O BBC Sound of 2009, série de apostas BBC para esse ano e que somava tiros ao lado desde 2003 (por ordem: 50 Cent, Keane, The Bravery, Corinne Bailey Rae, MIKA e, vá lá, acertaram em Adele), lança as apostas: VV Brown, The Big Pink, Dan Black, Empire of the Sun, Frankmusik, Kid Cudi, Lady Gaga, Little Boots, Master Shortie, Mumford and Sons, Passion Pit, Temper Trap e White Lies. E La Roux e Florence and the Machine. O lote de apostas vem com o single de avanço e é este o ponto que importa realçar: o de Florence é “Kiss With a Fist”, canção punk com vídeo teen que não tem nada a ver com o resto de Lungs.

Há, portanto, duas Florences, a que antecipámos e a que de facto enfrentámos. Porque as expectativas, regra geral, enfrentam-se. E essa luta correu-lhe bem: “Kiss With a Fist” tornou-se nota de rodapé que hoje já nem passa pelos concertos. A própria admitia na altura que já se sentia envergonhada do vídeo e que a canção surgiu de uma vontade em escrever uma canção punk. O resto do álbum é o inverso de “Kiss…”, tudo é grandioso, teatral e até claustrobófico, tal a quantidade de camadas e camadas de música que suportam a poderosa voz que é o que dá personalidade a um som que na altura foi muito comparado a Kate Bush, mas que sempre quis ser mais Arcade Fire.

La Roux tem outra forma de lidar com a perda. É um disco discaradamente 80s a que os defensores reclamaram frescura e os detractores colocaram o rótulo de datado. É em Jackson que cai todo o protagonismo e se numa altura inicial isso a terá ajudado a ganhar relevância, a sua fragilidade, principalmente no contexto de palco, também a terá levado à irrelevância. Lembramo-nos, por exemplo, do paupérrimo concerto no Alive 2010, curiosamente no mesmo dia de Florence and the Machine.

Ah, e o BBC Sound of 2009 foi… Little Boots. Quem?

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