Quando fala do aquecimento global a conversa passa, geralmente, por aquilo que cada cidadão pode fazer para minorar a sua pegada ecológica e os gases com efeito de estufa associados ao seu estilo de vida. Ocasionalmente o assunto expande-se e as autarquias entram na discussão propondo medidas, por exemplo, para a redução de circulação automóvel nos centros, e até aos governos, de países como Portugal, traçam estratégias de como se pode fazer a transição energética. Tudo isto é válido, tudo isto é necessário, mas no meio de tudo isto escapa-nos o pormenor da contextualização.
Para abordar um problema global como este não chega pensar em medidas dispersas sem pensar no seu impacto e, para isso, é preciso pôr as coisas em perspectiva; é preciso perceber, por exemplo, o peso que cada cidade, país ou simples infraestrutura tem no bolo total de gases de efeito de estufa que tornam o nosso planeta cada vez mais quente, e agir em conformidade. Se a nível global se ratificou o Acordo de Paris, a verdade é que este não está a ser cumprido pelos principais intervenientes e o preço a pagar é a escalada da temperatura média do planeta.
Um estudo publicado recentemente pela Boston University dá-nos um dado muito curioso neste particular que segue na linha do raciocínio proposto. Segundo os dados recolhidos pelos investigadores, durante o ano de 2017, só o Pentágono — a base de chefia militar dos Estados Unidos da América — emitiu tantos gases com efeito de estufa como… Portugal ou a Suécia. Para se ter uma noção, segundo Neta Crawford, a coordenadora do estudo, se o Pentágono fosse um país seria o 55º mais poluente (em GEE) do mundo.
A coordenadora do estudo acrescenta mesmo que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos é o maior consumidor de energia do país e o a instituição do mundo que mais consome petróleo.
Só em 2017, a defesa dos Estados Unidos terá sido responsável pela emissão de 59m toneladas de dióxido de carbono e outros gases com efeito de Estufa enquanto que, no mesmo ano, as emissões globais de Portugal se ficaram nas 57m toneladas, de acordo com o Global Carbon Atlas.
New research release: Since the beginning of the post-9/11 wars, the U.S. military has emitted 1.2 BILLION metric tons of greenhouse gases. The Pentagon is the world's single largest consumer of oil and a top contributor to climate change. https://t.co/slcY4ehoc2 pic.twitter.com/d09OxS3lCF
— The Costs of War Project (@CostsOfWar) June 12, 2019