Raramente queremos saber da Estónia, e quando queremos saber será sempre sobre os assuntos do digital e da sociedade aberta para a tecnologia. A Presidente Kersti Kaljulaid, primeira presidente da República de sempre da Estónia, visitou Portugal nos dias 15 e 16 de Abril com a agenda focada em assuntos de tecnologia de informação e segurança na agenda. Acompanhada pelo ministro do empreendedorismo Rene Tammist e por uma delegação de mais 25 pessoas relacionadas com a inovação, desenvolvimento e segurança, a presidente marcou presença na Fundação Champalimaud, na Base Naval de Lisboa, na NCIA (NATO’s Communications and Information Agency) e no escritório de duas startup da Estónia que se instalaram em Lisboa, a Pipedrive e a Monese. E, claro, visitou o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e o Primeiro Ministro António Costa.
Tive hoje a oportunidade de debater com @KerstiKaljulaid, Presidente da #Estónia, formas de reforçar as relações bilaterais, em particular nos serviços digitais, e as parcerias que podemos desenvolver na #UE para responder aos principais desafios económicos e sociais do futuro. pic.twitter.com/xCGChLcCAI
— António Costa (@antoniocostapm) April 16, 2019
A Estónia é membro da UE e da NATO, tal como Portugal. A Presidente Kaljulaid saiu das estruturas da União Europeia para ser a presidente da Estónia após vários rounds de negociações falhadas para a eleição do Presidente da Estónia no Parlamento. Como em vários outros países, o Presidente não é eleito em eleições presidenciais mas na assembleia legislativa.
Entretanto, em casa, reina a confusão.
Embora o poder executivo esteja no Primeiro-ministro, o Presidente tem algumas responsabilidade. Especialmente nestas semanas enquanto no país o rebuliço é forte. A política da Estónia, geralmente sem assunto, está em alvoroço após as eleições legislativas de Março de 2019 — Ainda não há Primeiro-ministro.
O Partido do Centro, Liberal, no governo até agora, perdeu as eleições para o Partido das Reformas, de centro direita. No entanto, numa manobra de geringonça ao contrário, o Primeiro-ministro Juri Ratas resolveu-se aliar ao Partido Popular Conservador da Estónia que ficou em terceiro lugar com a maior subida em votos. Este partido tem todas as características de extrema direita, como anti-imigração, racismo, condenação da homossexualidade e perseguição à comunidade LGBT. Para além deste partido, também o Partido Pátria, de direita tradicional mas não tão intenso como o Partido Popular Conservador é visto como parte provável da coligação de governo. Mais um caso de um país que combina as características da Europa de leste com os nórdicos a cair no canto da sereia da direita populista/xenófoba.
Em reação, na internet gerou-se alvoroço sobre a possibilidade de a extrema direita tomar o poder da Estónia. Há movimentos nas redes sociais com os hashtag #kõigieesti #общаяэстония #myestoniatoo, com promoção a uma Estónia multicultural, não só Estoniana ou Russa, mas inclusiva de outras culturas e nacionalidades que fazem já parte do sistema social e económico do sítio. Numa reminiscência da “revolução cantada” contra a ocupação Soviética no final dos anos 80, o movimento fez um festival da canção no último domingo dia 14 de Abril para juntar as pessoas todas num movimento mais físico e menos virtual. A concentração terá juntado mais de 10 mil pessoas em Tallin.
O próximo destino da Presidente vai ser a Rússia, onde a espera Putin, com certeza extremamente interessado nos destinos da antiga República Soviética da Estónia onde 30% da População é Russa.
Esperamos para ver o que vai acontecer.