Macacos do Chinês: quem disse que isto não batia?

Procurar
Close this search box.

Macacos do Chinês: quem disse que isto não batia?

A democracia precisa de quem pare para pensar.

Num ambiente mediático demasiado rápido e confuso, onde a reação imediata marca a ordem dos dias, o Shifter é uma publicação diferente. Se gostas do que fazemos subscreve a partir de 2€ e contribui para que tanto tu como quem não pode fazê-lo tenha acesso a conteúdo de qualidade e profundidade.

O teu contributo faz toda a diferença. Sabe mais aqui.

A temporada 2008/2009 já nos vinha habituando: o panorama português era tão pobre que estava quase tudo por fazer.

Muitos lembrarão Ruídos Reais via “Rolling na Reboleira”, hino geracional para quem cresceu na Amadora ali entre os anos 90 e os 2000 e poucos (eventualmente podemos chamar-lhes millenials). Como indivíduo que preenche estes requisitos, a canção diz-me muito. Em 2009, embora já estivesse noutra, era como se finalmente tivéssemos banda sonora e até teledisco.

A estreia dos Macacos do Chinês (MdC) explora em várias ocasiões essa ideia de referências geracionais: aquela Reboleira, o Babilónia, o dubstep e o grime. São várias as alusões a um tempo específico: 2009. O TGV, o Tal & Qual, a eleição de Obama, Dica da Semana, vídeoclips na MTV, a Al-Qaeda, o jornal Metro e até Os Contemporâneos via participaçao d’O Chato. Reparem como todas estas coisas acabaram ou mudaram por completo.

Muitos tentaram encaixar o álbum de estreia dos Macacos do Chinês (MdC) numa prateleira específica, eventualmente incentivados por “Plutão”.

“Ouve só, vocês não estão habituados A batidas como estas, ficam mal habituados.”

“Plutão”, extraordinária canção já dada a conhecer em 2008, na altura editada como single que os apresentou, arranca fortíssima e, desde início e até ao fim, traduz o dubstep e o grime para português. Depois da introdução, Skillaz segue por ali fora numa canção sobre um género a que os ouvidos nacionais estão pouco habituados, ainda para mais com referências grime tipo sons de consola. Nenhuma das outras é tao discaradamente britânica, o que terá afastado alguns dos mais atentos aos primeiros dias dos MdC.

A existência de uma canção como “Machadinha” chegaria para justificar a existência de um diálogo entre a modernidade e a tradição, mas há mais. É um álbum que equilibra o uso de guitarra portuguesa com uma linguagem urbana que se estende para lá do som: expressões tão geracionais como ” beca”, “fala bem”, “andar a penantes” e “quem disse que isto não batia?”.

A temporada 2008/2009 já nos vinha habituando: o panorama português era tão pobre que estava quase tudo por fazer. Não é por acaso que o disco arranca tão provocante e até com uma confiança que pode ser confundida com arrogância. FlorCaveira, Amor Fúria e Enchufada iam comandando a revolução.

 

Índice

Subscreve a newsletter e acompanha o que publicamos.

Eu concordo com os Termos & Condições *

Apoia o jornalismo e a reflexão a partir de 2€ e ajuda-nos a manter livres de publicidade e paywall.

Bem-vind@ ao novo site do Shifter! Esta é uma versão beta em que ainda estamos a fazer alguns ajustes.Partilha a tua opinião enviando email para comunidade@shifter.pt