Um festival para descobrir o Alentejo que provavelmente nunca viste

Um festival para descobrir o Alentejo que provavelmente nunca viste

15 Janeiro, 2019 /

Índice do Artigo:

Uma viagem gratuita à boleia do Terras Sem Sombra: da Vidigueira a Sines.

O Alentejo tem um festival. Mas, claro, não é daqueles que duram um fim-de-semana e que têm um recinto fechado. Em vez disso, o Terras Sem Sombra, como se chama, decorre ao longo de seis meses, de Janeiro a Julho, itinerante por 13 cidades. Em cada uma, o património histórico é dado a descobrir alanvancado por um concerto de música clássica e uma actividade promotora da biodiversidade para experimentar. Tudo de participação gratuita.

A viagem pelo Terras Sem Sombra vai começar na Vidigueira, seguirá por Serpa, Monzaraz, Beja, Elvas, Cuba, Ferreira do Alentejo, Odemira, Barrancos, Santiago do Cacém e, por fim, Sines; pelo meio haverá uma travessia da fronteira e uma paragem na Estremadura espanhola, visitando Valência de Alcântara e também Olivença. O festival pretende dar a conhecer o património histórico das terras sem sombra, contribuindo para a sua preservação.

Nesta edição, a panóplia patrimonial abre-se decisivamente a novos âmbitos, entre eles o património imaterial, dando grande atenção a aspectos tão distintos como o fabrico artesanal do pão, o Cante alentejano ou as tradições relacionadas com os astros, com a sua observação nocturna em pano de fundo.

Quanto à biodiversidade, vai ser possível acompanhar o elevador de peixes da barragem de Pedrógão, participar na festa do mundo rural – seguindo um rebanho de ovelhas de raças autóctones ao longo das canadas reais, com os pastores de Beja e do Fundão – ou entrar nas águas portuárias de Sines para conhecer a vanguarda da aquacultura. Ou ainda, na Estremadura, percorrer a maior mancha de monumentos megalíticos da Europa, em Valência de Alcântara, conhecer os segredos do Tejo internacional ou aprofundar a personalidade única de Olivença.

A programação do festival é acompanhada por música clássica, em colaboração não só com os Estados Unidos, mas também com Espanha, Hungria, República Checa e Filipinas. Há, por isso, artistas provenientes de vários países que se juntarão a interpretes portugueses num programa que promete proporcionar concertos únicos em espaços invulgares. Será uma oportunidade para, por um lado, quem vive no Alentejo escutar músicos que geralmente não viajam até àquelas planícies; e, por outro, para quem não costuma ouvir este tipo de música poder fazê-lo num contexto completamente diferente do de uma sala numa grande cidade.

Quando vai acontecer?

O Terras Sem Sombra decorre ao longo de 13 fins-de-semana distintos, cada um numa cidade. O festival arranca dia 26 de Janeiro na Vidigueira e termina dia 7 de Julho em Sines.

  • 26 e 27 de Janeiro – Vidigueira
  • 9 e 10 de Fevereiro – Serpa
  • 23 e 24 de Fevereiro – Reguengos de Monsaraz
  • 9 e 10 de Março – Valência de Alcântara (ES)
  • 23 e 24 de Março – Olivença (ES)
  • 6 e 7 de Abril – Beja
  • 27 e 28 de Abril – Elvas
  • 4 e 5 de Maio – Cuba
  • 11 e 12 de Maio – Ferreira do Alentejo
  • 25 e 26 de Maio – Odemira
  • 8 e 9 de Junho – Barrancos
  • 22 e 23 de Junho – Santiago do Cacém
  • 6 e 7 de Julho – Sines

O que se destaca na programação?

  • perceber como se fabrica artesanalmente pão alentejano, na Vidigueira (26 de Janeiro);
  • visitar o elevador de peixes na barragem do Guadiana, na Vidigueira (27 de Janeiro);
  • participar num workshop de Cante alentejano, em Serpa (9 de Fevereiro);
  • conhecer os dólmenes e pinturas rupestres que avistam o Tejo no lado espanhol, em Valência de Alcântara (9 de Março);
  • explorar a fauna e flora que habita no Tejo, em Valência de Alcântara (10 de Março);
  • aprofundar as raízes portuguesas em Olivença (23 de Março);
  • perceber porque é que Beja é um oásis de água numa planície ardente (6 de Abril);
  • descobrir e experimentar a rota antiga dos pastores em Beja (7 de Abril);
  • perceber o mal que o jacinto-de-água está a fazer no Guadiana, em Elvas (28 de Abril);
  • conhecer o escritor Fialho de Almeida, natural de Cuba (4 de Maio);
  • perceber porque é que há tão bom vinho no Alentejo, olhando para a geologia em Cuba (5 de Maio);
  • observar o céu astrológico e astrofísico em Barrancos (8 de Junho);
  • olhar para o fogo com outros olhos em Barrancos, percebendo quando é bom e quando é mau (9 de Junho);
  • visitar o farol do Cabo de Sines (6 de Julho).

De seguida, encontras a programação completa do Terras Sem Sombra 2019, que podes descarregar aqui em formato PDF.

Autor:
15 Janeiro, 2019

Jornalista no Shifter. Escreve sobre a transição das cidades e a digitalização da sociedade. Co-fundador do projecto. Twitter: @mruiandre

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