“Em Portugal funciona com choro ou ameaça ou um pouco dos dois.” As palavras são de Pedro Oliveira, co-fundador da Landing Jobs e que só à 4ª edição recebeu apoio da Câmara de Lisboa para a organização do Landing Festival. Numa conversa com o Shifter em Berlim, Pedro falava sobre a importância de um despertar político porque os países e cidades não estão sozinhos, mas numa competição além fronteiras: Lisboa com Porto, Lisboa com Barcelona, Portugal com Holanda…
Histórias sobre o apoio político reduzido ou nulo a eventos que alguém decide montar na sua localidade repetem-se, infelizmente. Em 2015 e à 3ª edição, André Lourenço decidiu levar o seu Trojan Horse Was A Unicorn, um certame de projecção mundial dedicado à indústria audiovisual, para fora de Tróia e de Portugal. O organizador disse, na altura, ter “pedidos de vários países para receberem o nosso evento, que entendem o nosso trabalho e a mais-valia na economia e turismo. O nosso país não entende e, por isso, vamos sair de Portugal”. Esta é a competição de que Pedro da Landing Jobs falava; é a competição em que Lisboa participou, por exemplo, para assegurar o Web Summit sob o olhar atento de toda a imprensa como se de um campeonato de futebol se tratasse. (Ainda ontem falávamos deste assunto aqui.)
André chorou e partiu; já Bruno Figueiredo, que organiza pela 10ª vez consecutiva a conferência de design de interacção UXLx, também tentou obter apoios mas acabou por organizar tudo sozinho. “Este ano falei atempadamente com o município de Lisboa para que o assumissem como um evento de mérito para a cidade, mas não consegui que o fizessem, como fazem para muitos outros eventos, incluindo eventos que nem são de origem portuguesa. Contactei os media que também não revelaram interesse”, escreveu no Facebook. “Daqui a uma semana começa a 10º Edição da UXLx: User Experience Lisbon, uma das maiores conferências de design de interacção a nível europeu e mundial. Teremos 500 participantes de 38 países diferentes.”
O post feito esta terça-feira chegou aos 27 gostos apenas e teve só três partilhas, mas foi o suficiente para Bruno ter a atenção da comunidade lisboeta. Miguel Fontes, director executivo da Startup Lisboa, prontamente se ofereceu para divulgar o evento dentro da incubadora municipal. Também Miguel Alpoim Ruas, director de uma agência de relações públicas, DoctorSpin, respondeu com ajuda para fazer chegar a conferência aos media. Esta manhã, já um comunicado de imprensa sobre o UXLx tinha chegado à caixa de e-mail do Shifter, e deverá ter chegado às inboxes de outros órgãos e jornalistas.
O que é o UXLx, afinal?
Esgotada, a 10ª edição do UXLx: User Experience Lisbon contará com 500 profissionais de 38 países; haverá palestras e também oficinas de trabalho (workshops). Entre os oradores convidados, está Tom Kelley fundador da IDEO, uma multinacional de design reconhecida em todo o mundo, e responsável pela criação da metodologia de design thinking. Mas o alinhamento do evento de quatro dias e que se realiza na FIL inclui ainda:
- Jim Kalbach (MURAL)
- Kate Rutter (Intelleto)
- Nathan Curtis (EightShapes)
- Claire Lew (Know Your Company)
- Jessica Outlaw (The Extended Mind)
- Farai Madzima (Shopify)
- Kristin Skinner (Chase)
- Pamela Pavliscak (Change Sciences)
- Stephen Anderson (PoetPainter)
No ano passado, o Shifter visitou a UXLx. “Desde então, a conferência UXLx tem vindo a crescer e hoje é considerada por alguns dos oradores e participantes de conferências de UX como uma das melhores do mundo. Os argumentos que foram dados giravam todos em torno dos mesmos elementos, os cuidados que a equipa tem a organizar o evento, o nível de excelência dos oradores e a diversidade dos participantes”, escreveu o nosso ‘enviado especial ao local’ Bruno Amaral.
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