Em 2018, Portugal trocou 272 milhões de moedas de 1 e 2 cêntimos por 2,1 milhões de moedas de 2 euros com a Irlanda. A transacção de 4,2 milhões de euros para cada lado, tendo em conta o valor das moedas, aconteceu por as moedas de 1 e 2 cêntimos serem bastante requisitadas em Portugal para as clássicas compras de 1,99 euros, ao passo que, na Irlanda, como os preços são arredondados há menor procura.
Acabar com as moedas de 1 e 2 cêntimos iria poupar tempo a todos nós na caixa de supermercado e poupar à União Europeia 1,4 mil milhões de euros, estimava a Comissão Europeia em 2013 como relembra agora o site Politico. A Comissão chegou mesmo a estudar essa hipótese em 2013, tendo avançado quatro cenários possíveis. Um deles passava pelo abandono rápido dos cêntimos mais baixos com a sua retirada de circulação; outro implicava um abandono mais lento, em que deixariam de ser produzidas novas moedas; um terceiro cenário passava pela manutenção da emissão mas com custos reduzidos; o quarto cenário, que acabou por ser o seguido, significava manter tudo igual.
Arredondar a 5 cêntimos
A ideia de eliminar as moedas de 1 e 2 cêntimos está, no entanto, novamente em cima da mesa, segundo avança o Politico, existindo do lado da Comissão Europeia novamente um rascunho com essa vontade. A proposta, que se encaixa debaixo da umbrella “An Economy that Works for People”, integra uma solução para os preços que actualmente exigem a troca de moedas desse valor, como os “famosos” 9,99 euros – os comerciantes passariam a arredondar os preços para o múltiplo de 5 cêntimos mais próximo (ou seja, 10€ ou 9,95€ no exemplo referido ou 9 euros no caso de o preço ser 9,96 ou 9,97 euros).
A Irlanda não é o único país que já aplica estes arredondamentos; a Bélgica também já o faz desde o início deste ano, por exemplo; segundo um relatório da Comissão de 2018, citado pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, há cada vez mais países da zona Euro a começar a arredondar os preços para que só moedas de 5 cêntimos passem a ser úteis nas trocas.
Bom para a UE, para a carteira e para o ambiente
Desde a entrada do Euro em vigor em 2002 e até 2013 que as moedas de 1 e 2 cêntimos terão custado à União Europeia 1,4 mil milhões de euros. Na verdade, o fim do 1 e 2 cêntimos significaria menos custos na fabricação de moedas, mas também na sua contagem e no transporte. Assim, estima-se que a medida possa ser boa para o ambiente, boa para as contas europeias, e para os consumidores, que deixariam de ter um peso desnecessário nas suas carteiras e também de perder tempo com trocos nas filas do café ou do supermercado.
A intenção de eliminar as moedas de 1 e 2 cêntimos marca, de certo modo, o “recomeço” dos trabalhos da Comissão Europeia, agora comandada por Ursula von der Leyen. Essa vontade de simplificar as contas ainda é um rascunho, mas é uma das ideias da ‘nova Comissão’, que esta quarta-feira irá apresentar o seu programa de trabalho. A ‘Comissão de Ursula von der Leyen’ recupera algumas ideias antigas, como esta dos cêntimos e também a vontade de uniformizar os carregadores de telemóveis, e dá também continuidade ao trabalho da ‘Comissão de Jean-Claude Juncker’, como a intenção de regular o mercado europeu de criptomoedas.