Pelo segundo ano consecutivo, a Coca-Cola foi considerada a empresa mais poluente, numa prospecção global levada a cabo pelo movimento Break Free From Plastic e focada no tema do plástico. A marca de refrigerantes é a que mais surge entre os detritos de plástico abandonados em locais impróprios – e recolhidos durante um esforço de sensibilização levado a cabo por este movimento.
O Break Free From Plastic é um movimento global e para fazer este balanço – mais simbólico do que científico – contou com a ajuda de 72 541 voluntários, espalhados por 51 países e divididos por 484 acções de recolha de plástico. Estes voluntários recolheram um total de 476 423 pedaços de plástico e sempre que possível identificaram a marca a que cada um deles correspondia.
No final das contas, foram identificadas quase oito mil marcas, entre as quais algumas bem conhecidas como a Nestle, PepsiCo e algumas do grupo Unilever. Entre todas as marcas que foi possível identificar foi a Coca-cola que se destacou com um total de 11 732 pedaços do volume total, mas o grande vencedor foi a erosão. Mais de metade dos pedaços de plástico encontrados já estavam deteriorados ao ponto de ser impossível identificar a marca e dos seus detritos estarem agora a infiltrar solos e mares.
A Coca-Cola foi a principal marca encontrada entre os resíduos em África e na Europa mas apenas a segunda na Ásia e na América do Sul. Já na América do Norte a ‘campeã da poluição’ foi a Nestlé.
Apesar da contundência destes resultados é preciso perspectivá-los para percebermos realmente a questão. A verdade é que se as empresas são responsáveis pela produção do plástico, não são propriamente responsáveis por onde este acaba a ser depositado. Por outro lado a dispersão de grandes grupos empresariais como Nestlé ou Unilever em várias marcas também as ajuda a não figurar no topo das listas, enquanto que no caso da Coke Company tendo na Coca-Cola o seu produto principal se torna mais fácil de identificar.
De resto, a marca de refrigerante mais famosa do mundo foi pronta a responder a este trabalho, reiterando que é inaceitável que as suas garrafas acabam em sítios onde não pertencem e dando conta das iniciativas que levam a cabo para colmatar este flagelo. Entre elas estão investimentos avultados em fábricas de reciclagem e no desenvolvimento de novos materiais que permitam a embalagem em boas condições com menos impacto ecológico.
https://shifter.sapo.pt/2019/06/mapa-mundo-poluicao/
No entanto, este assunto não é, claro, assim tão simples como mostra, por exemplo, um áudio revelado pelo jornal The Intercept em que a Coca-Cola se opôs à criação da ‘Bottle Bill’, uma taxa de incentivo à reciclagem que esteve para entrar em vigor no estado norte-americano da Georgia.
Mais uma vez convém referir e sublinhar que este trabalho é mais simbólico do que cientifico, mas que nem por isso perde a sua validade de análise. As multinacionais como referidas neste artigo lucram milhões pela venda de produtos embalados em plástico – sendo este componente uma parte importante da sua estratégia para manutenção de baixo custos –, pelo que devem ser responsabilizadas em parte pelo impacto ambiental dos seus produtos, tal como pressionadas para a promoção de soluções que mitiguem o flagelo da poluição com plásticos e micro-plásticos nos solos e oceanos.
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