Estamos numa emergência climática no mundo inteiro, mas apenas 13 países o declararam oficial e politicamente: Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Espanha, EUA, França, Grã Bretanha, Itália, Nova Zelândia, República Checa e Suíça. No total, 558 concelhos, cerca de 67 milhões de cidadãos, estão sob jurisdições que aprovaram a moção que declara emergência climática. A Grã-Bretanha foi o primeiro país do mundo onde o parlamento bipartidário declarou emergência climática. Já a cidade de Hoboken New Jersey tornou-se a terceira no mundo e a primeira nos Estados Unidos a declarar Emergência Climática, isso em 2017.
Declarar emergência climática pode ser o primeiro passo para a solução abrangente de mobilização necessária para resgatar e reconstruir a civilização. Mas porquê centrar-se nos governos locais? Segundo o site The Climate Mobilization, as cidades e as autarquias têm sido desde cedo um impulso para o progresso, visto que as vitórias locais inspiram outras comunidades a seguir e construir um mandato para mobilizações nacionais.
A campanha de Emergência Climática e a importância da mobilização
O objetivo da campanha de Emergência Climática é “obrigar” os governos, começando no nível local e partindo daí para cima, a adotar uma resposta de emergência às mudanças climáticas e a uma crise ecológica mais ampla. Esta campanha começou oficialmente em 2016 na cidade de Darebin, Austrália.
Declarar de emergência climática implica, sucintamente, o compromisso de 1) diminuir as emissões dentro de 10 anos; 2) os líderes locais tornarem-se defensores da mobilização de emergência climática; e 3) desenvolver e implementar a política de mobilização localmente.
A ideia de mobilização passa por juntar todos os cidadãos e instituições num esforço concentrado pela mudança; Envolvendo a grande maioria dos cidadãos, a utilização de uma proporção elevada de recursos disponíveis e todas as áreas da sociedade. Em 2014, a Mobilização Climática foi lançada nos EUA por Margaret Salamon Klein e Ezra Silk, pedindo ação governamental climática à escala da mobilização da Segunda Guerra Mundial, para reduzir rapidamente as emissões de gases de estufa.
As propostas de soluções do site passam pela partilha justa do programa de racionamento para uso de energia (similar aos usados durante a Segunda Guerra Mundial); reduzir drasticamente as utilizações de carbono e reverter a temperatura da Terra a níveis seguros; rever do sistema de transportes para um mais ecológico; adbicar da agricultura industrial localizada e regenerativa; e implementar um programa de conservação da Terra e proteção oceânica.
Quando se começou a perceber que estávamos numa emergência climática?
As origens da ideia de que estamos numa emergência climática e de que precisamos declarar e agir sobre essa emergência climática remontam há pelo menos 10 anos. O termo tornou-se popular por David Spratt e Philip Sutton num relatório em 2007. Os dados do relatório levaram à publicação do livro Climate Code Red: The Case for Emergency Action, em 2008, onde se pode ler que “se não fizermos o suficiente, e não o fizermos suficientemente rápido, provavelmente criaremos um mundo no qual muito menos espécies e muito menos pessoas sobreviverão…” .
Já o cientista português Miguel Bastos Araújo alerta que não vamos a tempo de evitar uma crise climática e biológica no planeta e que temos uma escolha entre impactos graves e menos graves. “Não vamos a tempo de voltar o mundo do século XX em termos ambientais”, diz numa entrevista recente ao jornal Público e à Rádio Renascença que vale a pena ver.
O aumento de habitantes no planeta, os padrões de crescimento das sociedades, e o consumo per capita de recursos naturais e de energia são os principais factores que o cientista aponta como substrato da sua preocupação.
Miguel Bastos Araújo diz que “foi muito infeliz que o Parlamento português não tivesse aceitado votar o reconhecimento da emergência ambiental”, pois estamos realmente numa emergência ambiental global. O especialista refere que as previsões para Portugal são o aumento de temperaturas médio a elevado, mas sobretudo a probabilidade de ocorrência de eventos extremos, ondas de calor mais frequentes e de forma intensa que podem ter consequências extremamente graves na saúde pública e na própria habitabilidade de algumas regiões do país.
(Artigo redigido com o novo AO)
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