Aventuras Fantásticas: as narrativas interactivas antes do Netflix

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Aventuras Fantásticas: as narrativas interactivas antes do Netflix

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Quem nunca sonhou em tornar-se o herói da história e decidir o final da aventura? Voltemos aos anos 80 e a uma saga de livros que marcou uma geração de entusiastas das Aventuras Fantásticas.

No final de 2018, a Netflix revolucionou o entretenimento digital com um episódio de Black Mirror onde o telespectador é também a personagem principal. O fenómeno Bandersnatch trouxe o papel da decisão aos telespectadores, no entanto, a ideia não é original. Neste episódio interativo da plataforma de streaming, a personagem principal utiliza um livro para se inspirar no jogo que vai construindo com vários caminhos. Quem nunca sonhou em tornar-se o herói da história e decidir o final da aventura? Voltemos aos anos 80 e a uma saga de livros que marcou uma geração de entusiastas das Aventuras Fantásticas.

Ian Livingstone e Steve Jackson foram os criadores dos vários volumes que formam as aventuras. Criados no Reino Unido, e de nome original Fighting Fantasy, o formato destes livros-jogo obedece à técnica que já conhecemos de Bandersnatch. Ao longo da história o leitor assume-se como o verdadeiro herói, onde a tomada de decisão influenciará o futuro da personagem. Assim que a escolha for tomada, o leitor é direcionado para um determinado número onde estará uma nova tarefa ou resolução. E o jogo continua até terminar a história. Ou a personagem morrer.

O jogo baseia-se na técnica de RPG (role-playing game) que decide os valores de uma tabela inicial. Alguns desses valores passam, por exemplo, pela habilidade, energia e sorte, e que permitem perceber se a personagem tem capacidade suficiente para ultrapassar os obstáculos que se lhe cruzam pelo caminho. Os valores são decididos através do uso dos dados convencionais de jogos de tabuleiros. Os monstros seguem a mesma ideologia de jogo e o combate com essas criaturas é decidido pela sorte que os dados ditarem.

Para os fãs portugueses, as notícias são tristes. Inicialmente editada pela Editorial Verbo, a editora decidiu traduzir e publicar a maior parte dos livros da saga. Contudo, mais tarde, a produção acabou por ser descontinuada. No entanto, em 2015, a mesma empresa reatou a vontade de vender de novo os livros das Aventuras Fantásticas, desta vez com uma estratégia diferente. Num primeiro momento, três livros da saga foram reeditados e republicados no final desse ano. A falta de procura levou ao cancelamento da edição dos restantes volumes e, por isso, os livros já não se encontram à venda em língua portuguesa. Hoje, é possível encontrar muitos deles nas mãos de colecionadores, perdidos em prateleiras de lojas antigas ou em edições digitais em língua inglesa, por exemplo.

A saga é composta por mais de meia centena de livros. A maior parte das histórias localiza-se no mundo de Titan e traz ao leitor, ou jogador, figuras ficcionais de monstros e magia. Apesar de ser uma das obras mais famosas neste tipo de serviço, as Aventuras Fantásticas não são os únicos livros-jogo. No final do século XX esta ideia de leitura tornou-se comum entre os jovens e adolescentes. Com a era da digitalização, assiste-se agora a uma passagem dos livros para a interatividade: blogs e páginas de fãs têm adaptado as aventuras ao mundo da internet.

Texto de Gabriel Ribeiro

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