Depois de tomar conta do Twitter e de virar de pernas para o ar a rede social onde era mais frequente a discussão política e e sobre temas de interesse comum, Elon Musk tem passado as últimas semanas a tomar conta da Casa Branca e a dar-lhe o mesmo tratamento. Em pânico, em desespero, com ironia ou com raiva, é nas redes sociais, e, ironicamente, especialmente no X, que cada uma das suas acções tem sido noticiada, comentada e criticada. Numa espécie de reality show, mais decadente do que qualquer um dos que passam pelas nossas televisões, temos assistido ao desmantelar da democracia norte-americana. E todos os indícios apontam para uma possível disseminação do vírus.
Perante a ameaça de pandemia de um vírus que corrói a democracia, erguemos defesas, gritamos palavras de ordem, corrigimos informações falsas, desmentimos conspirações, num exercício sem fim que acaba nos prender no loop. Sair deste lodo não é tarefa fácil; gritar ou ironizar para o ar enquanto nos afundamos (ainda) mais é uma estratégia com um prazo de validade curta, que dura até os dejectos chegarem a altura das nossas cabeça.
Num estudo recente sobre o Twitter/X, provou-se que o discurso de ódio aumentou 50% depois da chegada de Elon Musk. Contudo, ao contrário do que seria de esperar, o movimento de êxodo da plataforma abrandou e de que maneira nas últimas semanas. E a procura por alternativas, como o Bluesky ou o Mastodon, onde discurso de ódio não é o que mais prevalece, acabou por perder força. É certo que não será a mudança de uma rede social a ditar o futuro da humanidade, e que os utilizadores do X são mais vítimas de um sequestro do que cúmplices no Golpe de Estado vigente. Mas o momento convida a uma reflexão sobre falta de narrativas capazes de mobilizar, sinal de uma certa saturação de discurso online.
Inspirados pela conferência de Meredith Whittaker no CCC que recomendamos nesta newsletter (e juramos que foi sem querer sair neste dia de São Valentim), damos o mote para que cada um de nós dê o seu contributo para inverter a tendência. Porque quando percebemos que o amor não tem de ser só romântico, libertamos o seu verdadeiro potencial revolucionário.