As fronteiras de um género e o direito ao escapismo
“Porque estão as pessoas tão preocupadas [com o género do livro]? O que é género, afinal? Quem o inventou? Porque me veem como se tivesse trespassado uma espécie de barreira?”
“Porque estão as pessoas tão preocupadas [com o género do livro]? O que é género, afinal? Quem o inventou? Porque me veem como se tivesse trespassado uma espécie de barreira?”
Ao longo de menos de 300 páginas, Utopia para Realistas de Rutger Bregman descreve um mundo não muito diferente do nosso, mas onde a sociedade decide caminhar em direção a um mundo mais justo.
Tal como em 2010-2011, o mundo passa por um período de recessão económica, combinada com um forte aumento da inflação alimentar.
Se face ao capitalismo de vigilância podemos, dentro de certos constrangimentos, fazer opções que permitam fugir destes esquemas, no caso da espionagem não existe, em qualquer momento, a possibilidade de escolha.
Simon Gottschalk, sociólogo e autor do livro The Terminal Self: Everyday Life in Hypermodern Times (2018) falou ao Shifter sobre a hipotética infantilização da sociedade.
Em ‘Camming’, o mais recente trabalho de Janaina Leite, o palco são as salas virtuais Zoom e a encenação é um teste aos limites do erotismo.
À boleia de estrangeiros que se juntavam às cooperativas da revolução ou de portugueses que retornavam para um Portugal em efervescente mudança, ‘Prazer, Camaradas!’ recupera conversas da época que nos revelam como as relações de intimidade se projectam pela vida de cada um, de cada colectivo e de cada sociedade.
O nome Erina é tomado à poetisa grega próxima de Safo, e Christine a uma das primeiras mulheres transexuais de renome internacional a recorrer à cirurgia de transição, Christine Jorgensen.
O Shifter falou com a ativista mais conhecida no meio digital como Uma Africana sobre a forma como usa a sua voz para alertar e gerar mudança, e como o seu percurso de auto-descoberta e auto-estima impactou o trabalho que faz hoje em dia sobre tópicos como o racismo, discriminação e empoderamento.
Dados da OMS indicam uma prevalência de até 80% da Mutilação Genital Feminina em determinados países, embora a percentagem possa variar conforme a etnia. Apesar de se concentrar essencialmente em África, no Médio Oriente e na Ásia, a imigração conduziu a que a MGF se estendesse um pouco por todo o mundo, tornando-a numa questão global e actual. Em 2019, estimava-se que 4,1 milhões de meninas estivessem em risco de se tornarem vítimas da prática.
Desde malhas que remetem às boysbands dos anos 2000, a hard-hitting bangers e a músicas carregadas de sentimento, este álbum tem de tudo um pouco e é isso mesmo que pode causar a divisão de opiniões a seu respeito.
A Presidente da Câmara de Barcelona diz que a energia e o tempo empregues no Twitter e nas suas políticas acabam por provocar uma deformação da realidade, sobre-representando as polémicas e os discursos de ódio e promovendo uma percepção cada vez mais negativa da humanidade em geral.
A nova política de mobilidade rapidamente teve efeitos de redução na utilização do automóvel e no trânsito. Questões ambientais aparte, esta expansão do estado social combate, em simultâneo, um dos maiores desafios macroeconómicos do país, o equilíbrio da balança comercial.
O projecto ‘Passagem do Meio’ é um exercício de visualização interactivo do tráfico de escravos levado a cabo pelos portugueses desde o século XVI até ao século XIX.
Na passada quarta-feira, os tiroteios em três estabelecimentos de massagens fizeram oito mortos, seis dos quais eram mulheres asiáticas. Este não é um caso isolado e é um entre os muitos ataques a asiáticos americanos que têm decorrido por todos os Estados Unidos da América nos últimos tempos.
A livraria Poetria propõe-nos a Fresca como uma coleção, um grupo, uma instituição que se promove a si própria como eixo central da cultura, desde a cidade do Porto.
As capturas do The Opte Project, em vídeos que percorrem a história da Internet desde 1997 até a um dos pontos referidos, são um espetáculo alucinante em que pequenos pontos se ligam e desligam, concentram e dispersam, numa coreografia que nos parece quase natural ou orgânica.
O projeto do estúdio londrino é, como o nome indica, um software que movimenta os botões nos ecrãs tácteis dos supermercados de forma inteligente, alterando-os de lugar para cada cliente garantindo que duas pessoas não têm de tocar no mesmo sítio.
Atualmente, uma vítima de abuso sexual tem até seis meses para apresentar queixa nas autoridades competentes. Eu demorei 8 meses até reconhecer que o que me aconteceu foi um crime de coação sexual, que não foi só uma noite desagradável em que dois homens me magoaram um bocado.
A Deep Nostalgia usa uma serviço de IA criado pela empresa D-ID que fornece a plataforma para que qualquer empresa possa criar a sua própria aplicação de criação de DeepFakes.
Numa entrevista lançada a semana passada pela Polygon, Peter Tamte afirmou, entre muitas outras coisas, o seguinte: “Tal como um Marine não pode questionar as escolhas feitas por legisladores, não procuramos tecer um comentário político sobre se a guerra em si foi ou não uma boa ideia”. Mas será possível ser apolítico num jogo como este?
O aviso “não compatível com o seu browser” ou a partilha de documentos Word são ilegais? Vamos perceber se sim ou se não, e o que é que esta Lei das Normas Abertas significa para todos nós, utilizadores de tecnologia.
Foram feitas comparações infundadas entre o movimento ativista Occupy Wall Street e um conjunto de indivíduos (insiders e outsiders) a tentar lucrar, rapidamente, via investimentos financeiros. Porém, o GameStop-gate traz poucas ou nenhumas novidades sobre a organização económico-social em que vivemos.
O Clubhouse não é especialmente inovador do ponto de vista tecnológico, mas antes um caso de sucesso de marketing e design explorando as potencialidades do momento. O advento dos directos e da voz nas redes sociais já se vinha a pronunciar como um movimento de fundo.
As perspectivas desinformadas ou infundadas do que é o feminismo são o principal obstáculo para a aceitação do rótulo “feminista”. Por causa da distorção do conceito em ideias radicais ou incoerentes da parte de um grupo pequeno, feminismo torna-se um termo que causa repulsa, desinteresse, como uma incessante chamada de telemóvel de um vendedor a tentar convencer-nos a aderir a um novo serviço. Talvez o presente texto se trate de um manifesto feminista, afinal; mas também aqui estava presente a consciência de que essa designação estaria associada a uma inibição de qualquer atenção posterior.
Veneno, a série espanhola que nos chega pelas mãos de Javier Calvo e Javier Ambrossi acompanha a vida de Cristina Ortiz Veneno. Há quem diga que Cristina se tornou uma ativista LGBTQI+ sem intenção; a sua existência era o seu trabalho ativista, movido pela resistência de ser sempre quem queria ser.
É fundamental construirmos uma sociedade a partir dos seus espaços democráticos, caracterizados pelo confronto de mundivisões e que criam um debate denso e vivo, e consequentemente ideológico – é precisamente neste processo que se forma um pensamento crítico em vez de uma reacção histérica às mudanças sociais.