Em dezembro do ano passado, Catarina Maia lançou uma pergunta aos mais de 33 mil seguidores que acompanham diariamente o seu projecto O Meu Útero: Porque é que quem tem pénis bate uma punheta e, curiosamente não há, em Portugal, uma expressão para quem tem vulva? Recebeu dezenas de sugestões que foi partilhando com a sua comunidade e que diz terem valido umas valentes gargalhadas, que acabaram por ir a votação para serem eleitas as melhores. Porque achou que as mais de 60 expressões que surgiram desse brainstorming com quem a segue deviam ser aproveitadas — “dois dedos de conversa”, “riscar o vinil”, “dedilhar”, como não? — convidou 69 artistas de diferentes estilos e contextos para escolherem uma delas e para a ilustrarem da forma que preferissem.
Foi assim que surgiu o “Ilustrário do Amor Próprio – 69 expressões de masturbação de quem tem vulva ilustradas por 69 artistas”. A publicação, impressa em risografia pelo MAGO studio, é, como diz Catarina, “uma obra que partiu da comunidade que acompanha o meu trabalho nas redes” e dos artistas: Adamastor, Adfunto, Akacorleone, Amalteia, Amargo, Ana Maçã, Ana Mendes, Ana Sílvia Agostinho, André da Loba, Annehail, Bárbara R., Biakosta, Bina Tangerina, Bolbo, C’marie, Cara Trancada, Carolina Celas, Carolina Maria, Cataestrófica, Catarina Sobral, Creating Daisy, Creyzismo, David Penela, Delfim Ruas, Diogo Matos, El Rafeiro, Eu Sarapinto, Filipa Vargas, Georges-André, Gonçalo Duarte, Gonçalo Mar, Gustavo Maia, Helena Ruão, Inês Costa, Ines.ma.no.es, Inês Machado, Inês Pais, Joana Mosi, João Carola, João Fazenda, Lara Luís, Lince Rebelo, Los Pepes Studio, Mantraste, Marcos Martos, Mariaestragafestas, Maria Goes, Mariana Cáceres, Mariana Malhão, Mário Belém, MauMaria!, Noid, O Gato Mariano, Oker, Patricia Shim, Pedro MS, Sara Feio, Sara Lou, Silvia Rodrigues, Simone Roberto, Sofia Ayuso, Sol Costa, The Caver, Tiago Galo, Tiago Guerreiro, Uma Joana, Unthink Illustrations, Vicente Nirō e Wasted Rita.
A apresentação do ilustrário terá lugar na Casa do Capitão no próximo dia 25 de Outubro às 12h00 e contará com a presença da educadora sexual para adultos Carmo Gê Pereira para uma conversa sobre vulvas e masturbação, história, géneros, corpos e intersecções. O livro estará à venda no local no dia do evento e os lucros revertem a favor da Gentopia – Associação para a Diversidade e Igualdade de Género. Para quem não puder comparecer na apresentação, a Catarina promete que o ilustrário estará disponível para venda online depois do evento, com pormenores a anunciar no futuro.
Catarina Maia é a criadora do projecto O Meu Útero, no qual desenvolve um trabalho de activismo pela desnormalização das dores menstruais e pela consciencialização para a endometriose, doença crónica que se manifesta muitas vezes através desse sintoma e que afecta 1 em cada 10 pessoas que nascem com vulva.