Há muito tempo que a Mozilla é uma das empresas tecnológicas mais assente sobre os valores de uma internet livre e ética, com respeito pela privacidade, e sem estratégias aditivas que tornem os utilizadores reféns. Volta e meia volta a comunicá-lo, sempre com uma abordagem muito prática: ora em forma de listas de presentes que respeitam a privacidade, ora com truques e dicas do que os utilizadores podem fazer para uma navegação mais pacífica. Desta vez fez uma mistura dos dois, numa altura curiosa. A empresa anunciou há pouco tempo o despedimento de 250 empregados e uma redefinição da estratégia que lhes permitisse maior desafogo financeiro.
Unfck the internet é uma landing page em que a empresa assume que a internet está fodid* e que é preciso dar passos atrás em alguns dos caminhos que têm sido traçados até aqui. Entre os pontos mencionados há referência a quase todo o tipo de problemáticas a que a Mozilla costuma responder, e uma boa dose de auto-promoção dos serviços da empresa, diga-se.
O primeiro ponto é dedicado aos anúncios políticos que, a semanas das eleições norte-americanas ,começam a inundar a internet e que são detectados pelo Ad Observer, uma extensão para o navegador Firefox, da Mozilla, claro está. Esta extensão desenvolvida pelo Online Political Transparency Project da Universidade de Nova Iorque, faz um importante trabalho de combate à micro-segmentação. Quando instalada, partilha com uma rede de jornalistas e outros analistas os anúncios que passam no feed de cada utilizador, permitindo assim perceber que campanhas estão activas e com que segmento como alvo — esta questão ganhou especial relevância online uma vez que as ferramentas disponíveis permitem segmentar anúncios até ao mais ínfimo detalhe, introduzindo assim informação em bolhas muito específicas.
“Nós amamo-la, precisamos dela e todos sentimos como está fodid*. Juntos podemos desfod*-la. Começa por escolher o único browser sem fins lucrativos que prioriza as pessoas”, escreve a Mozilla na apresentação de Unfck the internet.
O segundo ponto é mais básico, e recomenda-te que vejas o documentário The Social Dillema, algo de que já te falámos aqui e que aprofundámos um pouco mais aqui. Já o terceiro ponto volta às recomendações de produtos da Mozilla, sugerindo que uses o Container, uma funcionalidade do Firefox que isola o separador onde tiveres aberta a rede social impedindo qualquer recolha indevida de informações sobre os teus hábitos de navegação. Também o quarto se foca numa extensão da Mozilla, o RegretsReporter, que te permite denunciar qualquer recomnedação do Youtube que consideres perigosa ou desaconselhada.
O ponto 5 sugere que utilizes tecnologia independente mas oferece-te uma lista pouco extensa a que podíamos adicionar uma série de outras plataformas. Na lista surgem Jumbo, Signal, Pocket, Medium e ProntonMail, por respeitarem a privacidade dos utilizadores, ainda que em todos estes casos continuem a ser plataformas proprietárias, o que deixa a importante questão da descentralização fora do espectro de resolução da internet proposto pela Mozilla.
Por último, o guia pede-te que espalhes o amor, literalmente. Desafiam-te a partilhar este apelo para “desfod*r” a internet e geres o debate junto das tuas comunidades. Aqui no Shifter subscrevemos inteiramente este apelo, que de resto tem sido parte do nosso trabalho diário.