Seis bibliotecários assinam uma carta aberta dirigida ao Primeiro-Ministro e à Ministra da Cultura com a esperança de que mais se juntem. Manuela Barreto Nunes, Miguel Mimoso Correia, João de Sousa Guerreiro, Bruno Duarte Eiras, Nuno Marçal e Zélia Parreira dizem que “as Bibliotecas têm vindo a ser negligenciadas nas políticas públicas, e praticamente ignoradas no quadro actual das medidas extraordinárias”. Pedem apoio. Quase um milhar de pessoas já subscreveu esta carta.
“As Bibliotecas são uma das instituições mais democráticas da sociedade”, começam por escrever. “São lugares que combatem o desemprego através do apoio à procura de emprego e da qualificação dos trabalhadores, reduzem os níveis de iliteracia da população, promovem actividades de formação, fomentam a literacia digital, incluindo o apoio assistido na prestação de serviços online por forma a servir melhor o cidadão. São lugares de proximidade e afectividade, que ligam as pessoas, combatem a solidão, estimulam as competências sociais, tornando as comunidades mais coesas. A par com a rede escolar, a rede de serviços de saúde ou os serviços de protecção civil e segurança, estão implementadas em todo o território nacional. São lugares que não podemos dispensar.”
Os seis signatários principais escrevem preocupados com as bibliotecas, que foram “das primeiras instituições a encerrar os seus espaços durante o período de confinamento” e que não têm sido “incluídas e valorizadas” nas políticas do Governo para recuperar o sector cultural.
Em carta aberta pede-se, entre outros pontos, que seja criada uma regulamentação legal para as bibliotecas, à semelhança de outros países europeus, “que contemple, entre outros aspectos, orientação técnica especializada, serviços e (re)qualificação profissional e critérios rigorosos de admissão à profissão”; que “sejam definidas e clarificadas as excepções e limitações apropriadas à legislação de direito de autor, essenciais para o trabalho das bibliotecas, em particular no ambiente digital”; que “seja feita uma aposta na rentabilização dos espaços, equipamentos e recursos das bibliotecas, evitando a duplicação de investimentos e projectos”; que se passe a ver as bibliotecas como entidades que podem assegurar a generalização do acesso às tecnologias digitais a toda a população; e que “seja disponibilizada uma plataforma nacional de livros e conteúdos digitais em língua portuguesa reforçando o papel das bibliotecas enquanto mediadoras da leitura, informação e conhecimento com um modelo de consórcio semelhante ao da B-On”.
A B-On é um consórcio, com fundos públicos e gerido pela FCT, que serve sobretudo universidades, hospitais e outras instituições com publicações científicas. A base desse consórcio permite uma melhor negociação com editoras (normalmente com grandes custos) e o acesso a todos os estudantes e investigadores a milhares de publicações.
“As bibliotecas podem, e têm condições, para participar como agentes activos nos pacotes de estímulo de investimento desenvolvidos pelo Governo no combate à crise, apoiando as populações”, concluem. “Estamos disponíveis.” A carta aberta pode ser consultada no site cartaabertabibliotecas.wordpress.com, criado para o efeito, onde está disponível também para recolha de mais assinaturas. À data deste artigo, cerca de um milhar de pessoas já subscreveu o documento, entre professores, estudantes, historiadores, bibliotecários e engenheiros.
You must be logged in to post a comment.