De acordo com uma análise da Muso, empresa especializada em pirataria digital, sediada em Londres, o tráfego em sites piratas aumentou entre 40% e 60% depois de ter sido decretado o confinamento em casa. Em Itália, a procura por pirataria subiu 66%, em Espanha 50,4%, em Portugal 47%, na Alemanha 35,5%, no Reino Unido 42,5% e nos EUA 41,4%.
A análise da Muso é específica para cada país e tem em conta as diferentes datas em que os respectivos governos e autoridades decretaram a obrigatoriedade da população permanecer em casa: 22 de Fevereiro para Itália, 14 de Março para Espanha, 22 de Março para Alemanha, 23 para o Reino Unido e 31 de Março para a maior parte dos estados norte-americanos. A Muso comparou a procura por pirataria neste contexto com valores de períodos homólogos, comparando também a variação entre o final de Março (em confinamento) e o final de Fevereiro (ainda sem medidas de isolamento).
“As tendências de pirataria e de consumo não licenciado correlacionam-se de perto com as de conteúdo pago ou licenciado”, refere Andy Chatterley, director executivo da Muso. “Por isso, tal como o Netflix vê ganhos grandes em termos de subscritores, vimos um aumento significativo nas visitas a sites de pirataria de filmes.”
Os dados da Muso indicam um crescimento substancial na procura por filmes pirateados mas no que toca a séries e conteúdo de TV o aumento foi pouco significativo. Este ponto pode estar relacionado com a oferta dos serviços de streaming ser focada em conteúdos televisivos, nomeadamente séries.
O Netflix registou lucros de 709 milhões de dólares entre Janeiro e Março e somou 15,8 milhões novos subscritores nos primeiros três meses de 2020, totalizando agora 182 milhões de assinantes por todo o mundo. Os números estão acima da expectativa da empresa norte-americana, líder mundial em streaming. Paralelamente, as acções do Netflix têm valorizado e chegaram mesmo a atingir os valores mais altos desde o início da cotação na Bolsa de Nova Iorque em 2002.
Contas feitas, o Netflix conseguiu manter-se firme, beneficiando do isolamento social em casa forçado pela pandemia de Covid-19, sem mostrar sinais de abrandamento por causa dos novos concorrentes – nomeadamente o Disney+, que condensa os universos da Fox e da Disney, o Apple TV+ ou o aguardado HBO Max, o gigante da WarnerMedia.