Por todo o mundo, o Google Maps é utilizado para obter direcções para um dado destino ou saber mais sobre um local; e, mesmo sem estar a ser utilizada, a aplicação está activa nos nossos telemóveis, recolhendo informação sobre as nossas deslocações diárias. Em tempos de Covid-19, em que nos é pedido para ficar em casa, o Google Maps sabe de forma surpreende se estamos a cumprir as recomendações das autoridades de saúde e como é que os nossos hábitos diários em termos de mobilidade se alteraram.
Por isso, a Google decidiu partilhar essa informação. A multinacional norte-americana compilou os dados (porque o que importa são as tendências globais e não o que cada indivíduo faz) e lançou aquilo a que chamou de COVID-19 Community Mobility Reports. São relatórios por país que mostram as diferenças nos hábitos das pessoas antes e depois do início da pandemia, mostrando o que mudou ao nível da procura por espaços de lazer, mercearias e farmácias, transportes públicos ou zonas residenciais.
Os relatórios, disponíveis em PDF, contém informação dos últimos dois meses e situam-nos em três datas específicas: 16 de Fevereiro, 8 de Março e 29 de Março. Os gráficos recorrem a percentagens e estabelecem a procura de cada tipo de local, sinalizado no Google, a partir de uma média calculada a partir de dados entre 3 de Janeiro e 6 de Fevereiro.
No relatório sobre Portugal, a Google indica que a procura por restaurantes, cafés, centros comerciais, museus, cinemas e outros espaços recreativos diminuiu 83%, há menos idas (-59%) a mercearias e farmácias e menos vistas a parques jardins (-80%); os transportes públicos baixaram 78%, os locais de trabalho 53% e as zonas residenciais subiram 22%.
O documento apresenta dados para o país inteiro mas também para cada região ou distrito, como Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Aveiro ou Faro. É interessante notar que nem todas as regiões têm informação completa: Beja, Portalegre ou Évora têm dados insuficientes sobre transportes públicos e a mobilidade em zonas residenciais.
Os COVID-19 Community Mobility Reports da Google estão disponíveis online para toda a gente, mas a Google diz que a ideia é que esta informação sirva para as autoridades de saúde pública locais percebam como é que as populações se estão a deslocar e se estão a seguir as indicações de isolamento social.
“Além de outros recursos que as autoridades de saúde pública possam ter, esperamos que esses relatórios ajudem a apoiar decisões sobre como gerir a pandemia de Covid-19. Por exemplo, estas informações podem ajudar as autoridades a entender mudanças em viagens essenciais que podem moldar recomendações sobre os horários comerciais ou informar as ofertas de serviços de entrega. Da mesma forma, visitas persistentes a pontos de transportes públicos podem indicar a necessidade de adicionar mais autocarros ou comboios para permitir que as pessoas que precisam viajar para o espaço se espalhem para o distanciamento social”, lê-se no blogue da Google.
A Google está a lançar relatórios para 131 países e regiões e continuará a actualizar os documentos com informação mais pormenorizada e actualizada ao longo do tempo. Não deixa de ser interessante notar, uma vez mais, na quantidade de informação que uma empresa norte-americana cotada em bolsa tem sobre milhões de pessoas em todo o mundo e o que consegue fazer com ela em tempos de emergência.
Um trabalho recentemente publicado pelo Público mostra, através de dados e de gráficos, o que mudou num país interrompido pelo Covid-19 ao nível do trânsito, transportes e poluição, entre outras variáveis. Mas enquanto que os jornalistas do Público tiveram de recolher informação de diferentes fontes, a Google consegue apresentar conclusões semelhantes a partir de uma só fonte, o Google Maps.
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