John Baldessari, artista conceptual norte-americano, morreu este sábado aos 88 anos. Nascido em 1931 na Califórnia, EUA, Baldessari tornou-se uma referência da cena artística pelo seu sentido estético aguçado, atrevido e pela sua abordagem quase sempre revestida de um sentido de humor único.
Sem se restringir a um meio ou a uma técnica, Baldessari marcou uma época com o seu trabalho constante mutável criando fotografia, pintura, escultura, texto, vídeo, como o clássico I Will Not Make Anymore Boring Art de 1971, e até uma aplicação para iPhone. O seu papel enquanto artista ficou marcado por essa afirmação e pela questão “porque é que isto não é arte”, como cita o New York Times no seu obituário; Baldessari dificilmente deitava algo fora ficando preso à questão de como transformar um objectivo quotidiano em algo interessante e pleno de significado.
No seu trabalho é frequente vermos a apropriação de imagens que nos parecem reconhecíveis – como cenas de filmes ou paisagens típicas –, subvertidas pela presença de manchas coloridas, por recortes e colagens que lhes desconstroem a lógica, ou por legendas que propõe novas leituras sobre algo mesmo quando esse algo nos parece óbvio. Baldessari é tido como o pai da arte da apropriação e nesse sentido é, se quisermos, uma premonição da cultura do remix que continua a tentar ganhar o seu espaço apesar do amplo embate nas determinações da propriedade intelectual.
Uma boa forma de ficar a conhecer melhor o artista é a curta-metragem narrada por Tom Waits e realizada por Henry Joost e Ariel Schulman, A Brief History of John Baldessari – uma ritmada peça documental que se vale do estilo do artista para contar a sua própria história. Parte do seu trabalho também está disponível para consulta no seu website.