A Finlândia nomeou esta terça-feira (dia 10) a Primeira-ministra mais jovem do mundo. Sanna Marin tem 34 anos e será a terceira mulher à frente do Governo finlandês. A antiga ministra dos Transportes e das Comunicações foi escolhida pelo Partido Social-Democrata após a renúncia do Primeira-ministro Antti Rinne que, após seis meses no cargo, perdeu a confiança do seu partido pela forma como conduziu uma greve dos correios — a paralisação durou semanas e acabou a alastrar-se a outros sectores.
Marin vai liderar uma coligação de Governo de centro-esquerda com outros quatro partidos, todos eles também liderados por mulheres, três das quais com menos de 35 anos. As outras líderes que integram o arranjo político à frente do país são Katri Kulmuni (32), do Partido de Centro, Li Andersson (32), da Aliança de Esquerda, Maria Ohisalo (34), da Liga Verde, e Anna-Maja Henriksson (55), do Partido dos Suecos na Finlândia. Dos 19 ministros do novo Governo, 12 são mulheres.
Finland’s government is now led by these five party leaders. #newgeneration pic.twitter.com/vis0qB9tO8
— Tuomas Niskakangas (@TNiskakangas) December 8, 2019
“Não penso na minha idade ou género. Penso nas razões pelas quais entrei para a política e na forma como conquistei a confiança do eleitorado”, disse Marin à emissora pública YLE após a cerimónia de nomeação oficial. Aquilo que para o resto do mundo é visto como uma excepção, não é raro na Finlândia, país que foi um dos primeiros da Europa a conceder o direito de voto às mulheres em 1906 e o primeiro do mundo a permitir a candidatura de mulheres para cargos políticos, em 1907. Além disso, teve a primeira mulher Primeira-ministra em 2003.
Marin representa a ala mais progressista e ecológica do SPD. Nascida na capital da Finlândia em 1985, foi educada pela mãe e pela companheira da mãe – já disse publicamente ter sentido descriminação pela relação homossexual da mãe. Diz interessar-se por política desde que se lembra, tendo-se juntado à ala jovem do partido social-democrata do país enquanto estudava Administração Pública na Universidade de Tampere. Foi nessa cidade que iniciou o seu percurso político, trabalhando na Câmara, tendo em 2012 participado nas eleições internas do seu partido e sido eleita vice-presidente. Seguiu-se um lugar conquistado no Parlamento em 2015.
No seu perfil no site oficial do Governo lê-se: “Envolver-me e fazer a diferença representam os direitos civis para mim. Mudar as coisas exige compromisso. Não podemos assumir que o bem-estar social ou as regras trabalhistas, são uma garantia. Eles resultam de determinação e trabalho duro”. A crise climática também é uma das suas bandeiras e já afirmou sonhar com “creche grátis na Finlândia”, país onde o ensino público é gratuito da escola primária à Universidade.
Segundo vários analistas políticos finlandeses, o novo Governo reflete o que os eleitores escolheram nas eleições de Abril passado, muitas mulheres e homens jovens para o Parlamento. Os deputados finlandeses devem aprovar sem sobressaltos a indicação de Marin e a composição do novo governo, para que a nova Primeira-ministra possa representar o país no Conselho Europeu dos próximos dias 11 e 12 de dezembro, em Bruxelas. A Finlândia exerce a presidência rotativa da UE até o final do ano.
Marin toma assim posse a meio de uma greve que interrompeu a produção de algumas das maiores empresas do país, depois de o Estado e sindicatos do setor industrial não terem conseguido negociar um acordo sobre salários e condições de trabalho. É esperado que mais de 100 mil funcionários cumpram um período de paralisação de três dias. A Confederação Finlandesa das Indústrias estima que a greve custe às empresas um total de 500 milhões de euros em receitas perdidas.