Finlândia tem a Primeira-Ministra mais jovem do mundo, líder de um Governo de mulheres

Finlândia tem a Primeira-Ministra mais jovem do mundo, líder de um Governo de mulheres

11 Dezembro, 2019 /
Sanna Marin © Laura Kotila / Finnish Government

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Sanna Marin tem 34 anos e liderará uma coligação de governo de centro-esquerda com outros 4 partidos também eles chefiados por mulheres.

A Finlândia nomeou esta terça-feira (dia 10) a Primeira-ministra mais jovem do mundo. Sanna Marin tem 34 anos e será a terceira mulher à frente do Governo finlandês. A antiga ministra dos Transportes e das Comunicações foi escolhida pelo Partido Social-Democrata após a renúncia do Primeira-ministro Antti Rinne que, após seis meses no cargo, perdeu a confiança do seu partido pela forma como conduziu uma greve dos correios — a paralisação durou semanas e acabou a alastrar-se a outros sectores.

Marin vai liderar uma coligação de Governo de centro-esquerda com outros quatro partidos, todos eles também liderados por mulheres, três das quais com menos de 35 anos. As outras líderes que integram o arranjo político à frente do país são Katri Kulmuni (32), do Partido de Centro, Li Andersson (32), da Aliança de Esquerda, Maria Ohisalo (34), da Liga Verde, e Anna-Maja Henriksson (55), do Partido dos Suecos na Finlândia. Dos 19 ministros do novo Governo, 12 são mulheres.

“Não penso na minha idade ou género. Penso nas razões pelas quais entrei para a política e na forma como conquistei a confiança do eleitorado”, disse Marin à emissora pública YLE após a cerimónia de nomeação oficial. Aquilo que para o resto do mundo é visto como uma excepção, não é raro na Finlândia, país que foi um dos primeiros da Europa a conceder o direito de voto às mulheres em 1906 e o primeiro do mundo a permitir a candidatura de mulheres para cargos políticos, em 1907. Além disso, teve a primeira mulher Primeira-ministra em 2003.

Marin representa a ala mais progressista e ecológica do SPD. Nascida na capital da Finlândia em 1985, foi educada pela mãe e pela companheira da mãe – já disse publicamente ter sentido descriminação pela relação homossexual da mãe. Diz interessar-se por política desde que se lembra, tendo-se juntado à ala jovem do partido social-democrata do país enquanto estudava Administração Pública na Universidade de Tampere. Foi nessa cidade que iniciou o seu percurso político, trabalhando na Câmara, tendo em 2012 participado nas eleições internas do seu partido e sido eleita vice-presidente. Seguiu-se um lugar conquistado no Parlamento em 2015.

No seu perfil no site oficial do Governo lê-se: “Envolver-me e fazer a diferença representam os direitos civis para mim. Mudar as coisas exige compromisso. Não podemos assumir que o bem-estar social ou as regras trabalhistas, são uma garantia. Eles resultam de determinação e trabalho duro”. A crise climática também é uma das suas bandeiras e já afirmou sonhar com “creche grátis na Finlândia”, país onde o ensino público é gratuito da escola primária à Universidade.

Segundo vários analistas políticos finlandeses, o novo Governo reflete o que os eleitores escolheram nas eleições de Abril passado, muitas mulheres e homens jovens para o Parlamento. Os deputados finlandeses devem aprovar sem sobressaltos a indicação de Marin e a composição do novo governo, para que a nova Primeira-ministra possa representar o país no Conselho Europeu dos próximos dias 11 e 12 de dezembro, em Bruxelas. A Finlândia exerce a presidência rotativa da UE até o final do ano.

Marin toma assim posse a meio de uma greve que interrompeu a produção de algumas das maiores empresas do país, depois de o Estado e sindicatos do setor industrial não terem conseguido negociar um acordo sobre salários e condições de trabalho. É esperado que mais de 100 mil funcionários cumpram um período de paralisação de três dias. A Confederação Finlandesa das Indústrias estima que a greve custe às empresas um total de 500 milhões de euros em receitas perdidas.

Autor:
11 Dezembro, 2019

A Rita Pinto é Editora-Chefe do Shifter. Estudou Jornalismo, Comunicação, Televisão e Cinema e está no Shifter desde o primeiro dia - passou pela SIC, pela Austrália, mas nunca se foi embora de verdade. Ajuda a pôr os pontos nos is e escreve sobre o mundo, sobretudo cultura e política.

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