A Existential Comics é um colectivo que transforma a filosofia em banda desenhada, mostrando que as ideias filosóficas pode ter muita graça quando contadas de forma mais divertida e fácil de ler. Mas quando a Existencial Comics não está a fazer BDs, está a tweetar e a sua conta no Twitter é até bastante activa, com reflexões que podemos entender como um complemento ao trabalho de banda desenhada.
Recentemente, uma thread composta por três tweets chamou-nos à atenção porque se cruza com territórios que costumamos abordar aqui no Shifter. A Existential Comics questionou as fortunas de Bill Gates e de Mark Zuckerberg, dois empreendedores que se tornaram empresários e que ganharam dinheiro desenvolvendo software proprietário (se quiseres perceber o que é isto, sugerimos este artigo).
“Bill Gates ganhou dinheiro extinguindo o software livre e forçando-nos a pagar uma taxa só por ligarmos os nossos computadores”, escreveu a Existencial Comics. “Isso só foi possível porque o Estado estava pronto para aplicar violentamente a sua ‘propriedade intelectual’. Ele não criou uma revolução de computadores, ele destruiu-a.”
Sobre o fundador e CEO do Facebook, disse: “Zuckerberg ganhou dinheiro exactamente da mesma maneira, claro – destruindo uma rede social gratuita. Uma rede social estava prestes a surgir, o que Zuckerberg fez foi impedi-la de seguir protocolos abertos, como e-mail, para que ninguém pudesse configurar um servidor para socializar com outras pessoas.”
E concluiu: “Dizer que essas pessoas acresceram valor ao mundo e, portanto, ‘merecem’ os seus mil milhões é um absurdo. Eles subtraíram valor, uma quantidade enorme de valor e impediram o progresso para assumir o controlo e extrair dele riqueza. Computadores e internet seriam mais avançados se nunca tivessem existido.”
São três tweets que, de forma muito sucinta, nos deixam a pensar sobre o mundo digital de hoje. Um ponto de partida para uma reflexão necessária e habitual aqui no Shifter. Afinal de contas é tudo uma questão de perspectiva e neste mundo digital cada vez mais complexo e ambivalente é preciso começarmos a debelar alguns dos dogmas mais superficiais para percebermos como afinal os computadores e a internet podem no fundo trazer o empoderamento e a democratização com que se sonhou no seu princípio.
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