A capital alemã foi palco de uma manifestação contra as medidas de contenção do coronavírus – sobretudo sobre o uso da máscara em locais públicos e o confinamento recomendado pelo Governo. Em direto conflito com as regras contra ajuntamentos de pessoas, a realização desta manifestação sempre foi algo contencioso que só avançou quando foi decretada legal pelas mais altas instâncias jurídicas.
Um pouco por toda a cidade – da Coluna da Victória às Portas de Brandeburgo, passando pelo Bundestag e pela extensa área de parques entre eles, assim como várias praças grandes como Alexanderplatz e Potsdamer Platz – uma mescla mais ou menos organizada de grupos ou pessoas mostraram cartazes e bandeiras e gritaram palavras de ordem. Em sítios de maior confluência, vários oradores discursavam num tom áspero de descontentamento. A Polícia esteve em controlo máximo: corredores gigantes de carrinhas por toda a cidade, bloqueio de vias e caminhos em redor de vários edifícios por barreiras e agentes, helicópteros que sondavam o centro frequentemente. Surpreendentemente, na cidade, sentia-se calma e rotina se não se visse ou ouvisse estes focos ativos.
Um protesto contra o quê?
Ainda que o propósito geral fosse o de mostrar o descontentamento face ao que muitos chamam de “Coronahysterie”, na verdade, a manifestação foi tecida por várias aranhas, por assim dizer, que compartilhavam um mesmo sentido de descontentamento.
Para muitos, as ações do Governo Federal são mais uma justificação para criticar Angela Merkel, que muitos desejam que saia da cena política e abra espaço a novos partidos e liderança. Grupos de extrema-direita estiveram, por exemplo, presentes neste evento. Vários “agitadores” foram mesmo detidos, por arremessos de garrafas aqui e ali e sobretudo pela investida em direção às imediações do Bundestag. Por esta zona, sentia-se mais tensão e uma grande variedade de grupos mais organizados. Música alta, bongos a soar forte, autocarros estacionados com bastantes pessoas a atrair atenção de quem passava pelas Portas.
Uma diversidade grande de bandeiras – de países a instituições – avistava-se um pouco por todo o centro da cidade. Em Potsdamer Platz, um grupo de menos de dez pessoas ondulava, de maneira algo tímida, a bandeira norte-americana, rodeando um homem que mostrava um cartaz com a fotografia de Donald Trump. A falta de empatia à causa, com o ocasional “boo” do outro lado da avenida, não dissuadiu o grupo. Aqui e ali, várias pessoas vestidas com t-shirts pretas com #QAnon iam aparecendo também.
Várias pessoas levavam consigo uma bandeira com as bandeiras norte-americana e alemã amalgamadas. Mostrando desconforto com a postura rígida que a Alemanha tem demonstrado perante os EUA, é possível que este sentimento advenha de uma (presumível) falta de contexto político.
Vários discursos fortes ecoavam já bem cedo na grandiosa rotunda da Coluna da Victoria (Siegessäule), onde, nas pequenas pracetas que circundam o passeio concêntrico, vários pequenos grupos se juntavam como se de mini stands se tratassem.
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