Evan Roth é um artista de origem norte-americana, actualmente sediado em Berlim. Recentemente passou por Portugal para expor uma das suas criações mas, tal como todos nós, vítima da pandemia, foi obrigado a fechar-se em casa. No seu trabalho habitual, Evan reflecte sobre a importância e a imensidão das imagens que nos rodeiam, denunciando, por assim dizer, um mundo em que cada individuo está completamente submerso por estas.
Esta crítica, comum na contemporaneidade e com eco em escritores e pensadores um pouco por todo o mundo, assume no trabalho de Evan um carácter quase megalómano. Para nos mostrar como estamos obcecados por elementos gráficos, o artista literaliza essa exposição. Foi isso que fez numa das suas obras mais icónicas, The Supermarket of Images, que agora podes ver online em 3D. Nesta obra, Evan forrou o espaço positivo das mais aleatórias imagens criando algo que facilmente nos lembra o caos da internet.
Agora, durante a quarentena, o artista decidiu reflectir sobre a presença das imagens neste difícil período de confinamento. Restritos a nossas casas e aos nossos computadores para uma emulação de uma vida mais ou menos normal, acabamos por passar um mês a navegar… entre imagens. E foi isso que o artista quis mostrar em Since You Were Quarentined. Para esta peça, que vive no link sinceyouwerequarantined.com, o artista ligou um software de proteção de ecrã (como aquelas galerias de fotografias clássicas do Windows) a um directório onde estão guardadas algumas das imagens que foram ficando na cache do seu computador durante o período de quarentena.
O resultado é um vídeo quase infinito – ou, pelo menos, bastante longo – em que ícones de programas bem conhecidos, frames de séries e outras dezenas de imagens mais ou menos reconhecíveis vão surgindo e desaparecendo, como que recordando cada um de nós de que este é o retrato mais fiel da nossa vida online – o retrato de uma experiência altamente dependente da componente gráfica dos seus artefactos.
Esta visualização intensiva permite-nos perspectivar de uma outra forma a multiplicidade de imagens que nos passam pelos olhos numa navegação normal, num mundo inédito onde humor vulgar, conhecimento dos mais variados tipos, iconografia, recursos gráficos, avatares de redes sociais, fotografias de férias em família, e tudo o mais que consigamos imaginar competem pela nossa atenção.
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