O partido União Democrática Croata, HDZ, saiu vencedor nas eleições legislativas deste domingo, dia 5. A Croácia, que assistiu a uma significativa queda na economia depois da quebra do turismo, volta a ser governado pelos conservadores. De um total de 151 assentos parlamentares, o partido conquistou 68.
“É uma grande vitória, mas também significa uma grande obrigação. Tivemos um mandato difícil e os desafios que nos esperam são certamente ainda maiores”, referiu Andrej Plenkovic, Primeiro-Ministro croata, após a contagem dos votos. O HDZ celebra, assim, um melhor resultado face às últimas legislativas de há quatro anos. Mesmo assim, o partido não atingiu a maioria absoluta e terá que procurar parceiros para coligação.
Já a Restart, Recomeço, coligação formada por cerca de dez partidos e principal opositor, sofreu uma queda face ao último sufrágio: o partido conseguiu 41 assentos no Parlamento, menos 15 lugares. Davor Bernardic, líder dos social-democratas, admitiu que “não é fácil falar depois de um resultado destes”.
A eleição contou também com o aumento da extrema-direita no Parlamento. O partido de coligação Miroslav Škoro Homeland Movement, considerado populista e nacionalista, afirmou-se como terceira força política no país e ocupa 16 lugares nos próximos quatro anos. O grupo político foi criado em fevereiro de 2020 por Miroslav Škoro.
Ao todo, cerca de 3,8 milhões de croatas foram considerados elegíveis para exercer o direito de voto. Segundo o jornal Balkan Insight, a participação cifrou-se nos 46,25%. As sondagens apontavam consecutivamente para um empate entre o HDZ e a coligação Restart, Recomeço.
O HDZ, partido presente na política nacional desde a independência da Croácia nos anos de 1990, deve contar ainda com o apoio das minorias étnicas, que ocupam oito dos 151 lugares, distribuídos por sérvios, italianos, húngaros, eslovacos, checos, povos da ex-Jugoslávia, entre outros.
Inicialmente, as eleições legislativas tinham data marcada para outubro deste ano, mas com a dissolução do Parlamento em maio, os croatas foram chamados às urnas mais cedo. O sufrágio, contudo, foi controlado através de medidas de segurança adicionais em contexto de pandemia.
À semelhança dos restantes países da Europa, em março, a Croácia adotou medidas restritivas para conter a disseminação do novo coronavírus. O país manteve-se estável até ao desconfinamento faseado. Nos últimos dias, o número de casos diários tem aumentado: existem, neste momento, 3220 casos positivos, 113 mortos e 2210 recuperados. No mês de junho, o Governo fechou as fronteiras com os vizinhos Balcãs devido ao número elevado de casos que se regista nesses países. A Sérvia voltou a decretar o estado de emergência na capital, onde estão a construir um hospital de campanha, depois de se registar um novo surto desde o pico da pandemia.
Depois das eleições legislativas, o HDZ vai ter de lidar com as consequências da Covid-19 no país, como o aumento do desemprego. É expectável ainda que a economia recue cerca de 10% devido à queda do número de turistas no país nos últimos meses. O turismo é um dos setores mais rentáveis para o território e afirma-se agora como uma das mais importantes fileiras de mercado – a Croácia, em 2018, era o 19.º país do mundo onde o turismo mais contribuía para o PIB nacional, segundo a ONU.
À escala global, o relatório da Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas “estima uma perda de 850 milhões a 1,1 mil milhões de chegadas de turistas internacionais, de 910 milhões a 1,1 biliões de dólares em receitas de exportação e de 100 a 120 milhões de empregos, dependendo da abertura das fronteiras em julho, setembro ou dezembro”.
https://shifter.sapo.pt/radar/