A rede social que nasceu a permitir a partilha de tweets com 140 caracteres tem vindo a explorar novas formas de conteúdo, sem perder, no entanto, a simplicidade que caracteriza a plataforma. Já podíamos partilhar tweets com até 280 caracteres, fotos, vídeos, GIFs e ainda gravar vídeos em directo ou fazer threads para encadear várias ideias e conteúdos em sequência; todavia, há agora um novo formato de conteúdo: o áudio.
Através da app iOS já é possível gravar e partilhar áudios até 140 segundos em tweets; se precisares de mais tempo, podes continuar a falar e é criada uma thread, em que cada tweet tem um áudio até 140 segundos, à semelhança do que acontece nas histórias do Instagram. Os áudios podem ser escutados no Twitter em qualquer dispositivo, incluindo na web, e têm um aspecto visualmente apelativo. Num telemóvel, podes ouvir um áudio enquanto fazes scroll no Twitter ou outras coisas noutra app. Por agora, a gravação e partilha de áudios é uma funcionalidade exclusiva do iOS mas é expectável que chegue também ao Android e talvez à web.
Tweets with audio are rolling out on iOS and we only have one thing to say about it pic.twitter.com/CZvQC1fo1W
— Twitter (@Twitter) June 17, 2020
Já era possível partilhar áudios no Twitter através de um serviço externo como o SoundCloud ou do upload de um vídeo. A introdução do áudio na plataforma directamente é a grande novidade. Contudo, os áudios só podem ser partilhados como tweets originais e não em resposta a outros tweets.
As redes sociais, que surgiram em torno do envio de publicações de texto e foram ganhando forma com partilhas cada vez mais visuais, nunca parecem ter olhado para o áudio como uma oportunidade de comunicação. Mas, a voz tem vindo a ganhar mais espaço na internet com os assistentes por voz e mesmo com os podcasts; o áudio parece assim fazer todo o sentido numa rede social de discussão e conversa como é o Twitter.
Existem, no entanto, algumas implicações. Desde logo, o áudio não é algo universal e o Twitter ao não introduzir uma funcionalidade de transcrição automática deixa de fora quem faz scroll sem som no Twitter, mas essencialmente todos aqueles que não conseguem ouvir – cerca de 5% da população mundial (ou seja, 466 milhões de pessoas) sofrem de perda auditiva incapacitante.
Outra questão pertinente tem a ver com a moderação, como aponta este artigo da VICE. A moderação de áudio é uma tarefa mais difícil que texto e fotos porque os moderadores têm de ouvir os clips; a inteligência artificial (IA) pode acelerar o processo, mas é uma tecnologia que tem as suas imperfeições, nomeadamente gerando demasiados falsos positivos. No entanto, também um vídeo com áudio precisa de ser moderado convenientemente e não é uma tarefa menos árdua que um conteúdo só de áudio. De acordo com a VICE, o Twitter tem menos moderadores humanos que outras grandes redes sociais como o Facebook.
Em texto, vídeo, foto ou áudio, a moderação de conteúdo é um problema por resolver nas redes sociais, que vão ocupando cada vez mais o espaço público. Casos como a recente polémica entre o Twitter e o Trump lembram-nos essa discussão, e os vários níveis em que a podemos ter, face à ambiguidade que envolve estas gigantes e inéditas redes sociais.
Jonas Staal e Jan Fermon: “O Facebook cria uma nova forma de alienação”
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