Várias marcas estão a suspender a sua actividade publicitária no Facebook e Instagram em resposta ao apelo #StopHateForProfit, feito por vários movimentos activistas e que tem como alvo as redes sociais por lucrarem com discursos racistas, violentos e de ódio, e com desinformação.
A North Face e a Patagonia foram as duas grandes marcas que anunciaram juntar-se ao protesto; ambas vão deixar de anunciar nas plataformas do Facebook e Instagram, pelo menos até Julho. “Estamos dentro. Estamos fora, Facebook”, partilhou a The North Face, uma marca de vestuário outdoor, num tweet. “Vamos suspender todos os anúncios no Facebook e Instagram, com efeito imediato, até ao final de Julho, aguardando-se uma acção significativa da parte da gigante rede social”, escreveu a Patagonia, uma concorrente da North Face, também no Twitter. Outras duas marcas com peso nos Estados Unidos – a REI, também de vestuário desportivo, a Upwork, uma plataforma de recrutamento, a Talkspace, uma app de saúde mental, e a Braze, uma empresa de software – se juntaram ao movimento.
We’re in. We’re Out @Facebook #StopHateForProfit
Learn more: https://t.co/uAT7u7mjBG https://t.co/jVxTIH5ThQ
— The North Face (@thenorthface) June 19, 2020
Patagonia is proud to join the Stop Hate for Profit campaign. We will pull all ads on Facebook and Instagram, effective immediately, through at least the end of July, pending meaningful action from the social media giant.
— Patagonia (@patagonia) June 21, 2020
O boicote está a ser promovido por alguns grupos cívicos, incluindo a Anti-Defamation League, a National Association for the Advancement of Colored People, a Sleeping Giants (a “original”), a Color Of Change, a Free Press e a Common Sense. O movimento tem um site online. “Nós sabemos o que o Facebook fez. Permitiu o incitamento à violência contra manifestantes que lutam pela justiça racial na América”, lê-se num manifesto publicado nessa página. Os autores do protesto questionam a actuação do Facebook, que acusam de dar voz a “nacionalistas brancos” e a “fechar os olhos” a estratégias de supressão de votos.
“Poderiam eles proteger e apoiar os utilizadores negros? (…) Sem dúvida. Mas escolhem activamente não o fazer. 99% dos 70 mil milhões de dólares do Facebook resultam de publicidade. Quem é que os anunciantes defendem? Vamos enviar ao Facebook uma mensagem poderosa: os vossos lucros nunca valerão a pena para promover ódio, fanastismo, racismo, anti-semitismo e violência. Por favor juntem-se a nós.”
O #StopHateForProfit procura assim pressionar o Facebook a deixar de ganhar dinheiro através de publicidade e a fazer algo em relação ao discurso de ódio, ao racismo e à desinformação que, dizem, circula na plataforma e prejudica a comunidade negra. A VF Corp, grupo ao qual pertence a North Face e outras marcas, como a Vans ou a Timberland, gastou 756 milhões de dólares em publicidade no ecossistema do Facebook (que inclui o Instagram) durante o ano fiscal que terminou a 31 de Março; outras marcas do grupo estão a “considerar” fazer o mesmo que a North Face. De realçar que esta marca está apenas a suspender a publicidade; vai continuar a produzir conteúdo orgânico para as plataformas do Facebook.
Carolyn Everson, vice-presidente do Facebook para os negócio globais, disse à CNN que “respeitamos profundamente a decisão de qualquer marca e continuamos focados no importante trabalho de remover discurso de ódio e de disponibilizar informação crítica sobre votações”. Num comunicado, citado pela Forbes, Derrick Johnson, presidente da National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), refere que “embora reconheçamos o valor que o Facebook oferece para conectar pessoas de cor umas às outras, questionamos uma plataforma que lucra com a supressão de votos ou de vozes negras”.