Chamaram-lhe a Wakanda da vida real quando se ouviram as primeiras notícias sobre a sua construção. Akon, o músico americano de origem senegalesa da famosa “Lonely” tinha divulgado em 2018 o seu plano megalómano de construir uma cidade futurista no país que o viu nascer, no festival de criatividade de Cannes, Cannes Lions. Em janeiro deste ano, o cantor fechou o acordo com o governo do Senegal para começar a construção da sua cidade e nessa altura surgiu a confirmação de mais alguns pormenores da Akon City.
No início desta semana, o músico de 47 anos revelou que fez um contrato de construção de 5 mil milhões de euros com a KE International, uma empresa de engenharia e consultoria com sede nos Estados Unidos, que ficará responsável pela primeira e segunda fase da construção da sua Akon City. A Bakri & Associates Development Consultants, com sede em Dubai, será a responsável pelos projetos arquitetónicos.
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O artista diz que a Fase 1 da cidade contempla a construção de estradas, um hospital, um centro comercial, uma esquadra da polícia, uma estação de tratamento de resíduos, uma escola e uma fábrica, e será concluída até o final de 2023. A Fase 2, entre 2024 e 2029, será para integrar empresas e comércio para fazer circular a sua criptomoeda, a AKOIN. Será esse o foco principal do segundo momento de desenvolvimento da cidade, e um dos mais importantes para garantir a sustentabilidade económica da cidade que Akon quer que se baseie totalmente na moeda digital. Quando esse passo estiver dado, a última fase inclui a construção de universidades, um estádio, parques e um complexo industrial. Tudo isto tem conclusão prevista para 2030. Além da economia sustentada na AKOIN, planeia-se que a cidade opere 100% com energia renovável.
Não foi revelado o lugar exacto para a construção da Akon City, mas segundo informações da empresa de construção envolvida no projecto, a área está localizada a cinco minutos do novo aeroporto internacional do Senegal, próximo da Capital, Dakar. A localização parece bater certo com a da cidade de Diamniadio, que está actualmente em construção, num plano do governo de Macky Sall para revitalizar a economia do país, anunciado há três anos.
Apesar dos passos cada vez mais definitivos para a sua construção, a Akon City faz parte do imaginário do músico há já muito tempo, de forma inabalável, acompanhando-o em cada momento mediático da sua carreira. Em finais de 2019, numa entrevista a Nick Cannon, o artista e magnata já dava atualizações muito concretas sobre o seu ambicioso empreendimento. “É tudo renovável”, sugeria Akon, levando Cannon a confirmar que não, não se trata de um jogo de The Sims. “Ter mil milhões de dólares no banco, enquanto tantas pessoas sofrem e lutam, é uma loucura para mim”, disse ele. “É um desperdício de mil milhões de dólares”, dizendo de seguida que a criação da criptomoeda é a parte do projecto que o deixa mais empolgado — “a minha moeda para África.”
De acordo com o site do projeto, a Akoin estará eventualmente disponível em todos 54 países africanos, com o propósito de “dar mais poder ao continente”. Segun Akon, a intenção é que a moeda virtual também seja uma forma de oferecer crédito e dar acesso a serviços governamentais.
Este não é o primeiro projecto de filantropia de Akon, que nos últimos anos é mais reconhecido como homem de negócios que como artista. O músico também criou e lidera a Akon Lighting Africa Initiative, que ajuda a fornecer energia para as pessoas do continente sem acesso a eletricidade. Há também a Akon Lighting America Initiative, que se concentra em criar esforços de energia renovável nos EUA e investir esses lucros em África. Com a Akon City, virou a sua atenção para as criptomoedas e a tecnologia blockchain subjacente, a seu ver necessária em países onde a inflação e a corrupção dos governos perturba a moeda local. Akon argumenta que o blockchain pode permitir que os africanos se tornem menos dependentes dos seus governos. ― ainda que no seu esquema filantrópico acabem por depender da vontade de um milionário.
Em meados do ano passado, Akon revelou ainda que pensou candidatar-se às Presidenciais norte-americanas, algo que vai “definitivamente fazer antes de se aposentar”. “Eu estive perto de concorrer à presidência em 2020, mas pensei sobre isso e disse: ‘Bem, se eu concorrer agora, nunca mais poderei tocar música livremente. Antes de me despedir da música, preciso de voltar ao jogo e de me divertir o máximo que puder para depois sair.” O músico tem cumprido a sua palavra, tendo lançado há dias o seu mais recente single, além de partilhar regularmente nas redes sociais vídeos de colaborações com outros artistas, como com o polémico rapper 6ix9ine que, saído recentemente da prisão, aparece aqui com Akon a cantar um dos seus clássicos, “Locked Up”, para desagrado de vários fãs – no mundo online, Akon tem sido alvo de muitas críticas nas redes sociais, depois de momentos como os comentários em defesa de Bill Cosby, actor condenado por abuso sexual, ou do próprio 6ix9ine.