O sucesso de uma rede social pode ser visto a partir de várias perspectivas. É de acordo com o objectivo que nos une a essa rede social cada um define os critérios porque a avalia. Por outro lado, do ponto de vista comercial, a equação é mais simples. A maioria das redes sociais tem na publicidade uma das suas principais fontes de rendimento e, tirando uma mudança ou outra, a fórmula é simples. Conhecer o perfil de compra de cada utilizador e o mais possível sobre dos seus dados pessoais é a base dessa estratégia. A nova rede social Peoople parece não fugir a essa regra, apesar de nos seus primeiros passos ainda não ter qualquer tipo de anúncio.
Chama-se Peoople e promete recompensar os utilizadores por criar listas de recomendações e interagir com o que os seus amigos recomendarem, pura e simplesmente. Para isso os utilizadores são divididos em 4 níveis que determinam a sua influência na plataforma e fazem variar as recompensas. Os Rookies, primeiro nível, não têm direito a “nada” enquanto que os Influencers, Unicorn ou Star são recompensados pelas suas interações. Para passar de nível, os utilizadores têm de completar desafios que passam desde logo por garantir a utilização da app e o seu crescimento em número de utilizadores (critérios essenciais para o sucesso neste mercado), tendo que visitar a aplicação em dias diferentes e convidar um número de amigos que cresce exponencialmente a cada novo patamar.
A partir daqui cada utilizador é simplesmente convidado a partilhar, em listas categorizadas, aquilo que mais gosta ou menos gosta em determinada área, sem restrições, limites ou muitos outros tipos de interação. De livros, a viagens, aplicações, sapatilhas, jogos, tudo serve para fazer uma lista de recomendações. E se a app ainda não tem qualquer tipo de publicidade é esta filosofia focada na divulgação de marcas que parece claramente preparada para que esse modelo de negócio seja aplicado. Recorde-se por exemplo que o Instagram só depois de consolidar o seu crescimento começou a colocar anúncios, e que existem várias formas de fazer publicidade online. Desde logo, a plataforma pode ter associados links afiliados a alguns dos produtos que nela são promovidos garantido um retorno para a app sempre que estes são comprados através dessa ligação, por outro podem no futuro surgir coleções recomendadas pelo algoritmo da aplicação, por exemplo. Este primeiro cenário consta no artigo de apresentação da aplicação, no Medium, e é confirmado pelo youtuber português Paulo Sousa, um dos percursores da plataforma no nosso país. Entre as 22 marcas com acordos em processo, são mencionadas a Amazon, Expedia e ElTenedor.
Para já não há muita informação disponível sobre a aplicação que, vinda de Espanha, parece ter começado por Portugal a fazer sucesso. Como dá conta Gonzalo Recio, o fundador da aplicação, a aplicação esteve pelo menos 4 dias em primeiro lugar do top da App Store, depois das recomendações de influencers e youtubers que viram na plataforma uma forma de aumentar os seus rendimentos. De resto a aplicação está visivelmente a dar os primeiros passos – apesar de não haver dados disponíveis sobre o número de utilizadores, fala-se em 250 mil contas, veja-se que a sua conta de twitter tem apenas 2,363 seguidores. O seu fundador Gonzalo Recio é um jovem espanhol de 26 anos que foi recentemente destacado na Business Insider espanhola.
Em suma, esta app é ligeiramente ambivalente. Por um lado, perpetua o conceito das aplicações que se baseiam na informação sobre os consumidores para vender publicidade e assim fazer dinheiro, o que pode ser visto como um ponto negativo dada a saturação desse mercado. Por outro, ao contrário de todas as outras redes sociais, o Peoople arranjou uma fórmula de partilha de receitas que remunera de volta os seus utilizadores mais dedicados, algo que contrasta, por exemplo, com o modelo de negócio do hiper-lucrativo Instagram, em que nem os InstagramTv são remunerados.
Para alavancar esta estratégia, a aplicação Peoople está incubada no acelerador madrileno The Venture City que, à partida, providenciará as condições para que a aplicação continue a crescer a sua base de utilizadores para que possa fazer mais negócios publicitários. Desde o surgimento da aplicação, gerida por 4 homens e 4 mulheres, e graças ao seu modelo inovador, conseguiram levantar 750 mil euros em investimento que deverá servir para os próximos passos. Segundo David Pena, o CEO, o plano passa por crescer para o México antes de atacar o mercado dos Estados Unidos. Para já, o sucesso em Português levou a que a app fosse traduzida o que também poderá permitir um crescimento no Brasil.
O Shifter contactou os fundadores da app e actualizará a notícia caso receba informações mais detalhadas sobre o processo.
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