Se já entraste num laboratório de química elementar nos últimos 10 anos é provável que tenhas constatado o potencial de reciclagem do óleo de cozinha. Numa nota pessoa, no meu 11º ano, numa experiência corrente do plano curricular, eu e o meu grupo de quatro transformámos uns litros deste composto em biodiesel, efectivamente capaz de pôr um carro a funcionar. É desde então que não me esqueço desse potencial, que não pára de ser explorado.
Agora, em Toronto, investigadores da Universidade de Toronto Scarborough, no Canadá, transformaram óleo de cozinha numa resina de impressão 3D. A ideia base da experiência envolve substituir o plástico de algumas construções por um material que fosse mais natural e, portanto, mais assimilável pela natureza, como explica o Professor Andre Simpson na nota escrita no site da Universidade. Depois de constatar que os materiais utilizados pela impressora 3D tinham estrutura semelhante à da gordura, Simpson indagou-se se seria capaz de criar uma resina estável a partir de gordura.
A partir daí, contactou restaurantes para lhe fornecer óleo usado, tendo obtido resposta apenas do McDonald’s, que se tornou numa espécie de parceiro desta pesquisa. O óleo fornecido pela gigante cadeia de fast-food foi sujeito a um pequeno processo químico do qual resultou uma resina estável, isto é, uma resina que não se despedaça nem derrete em condições ambiente.
A local #ScarbTO @McDonaldsCanada gave the researchers the old oil to test it out—and it WORKED! 👏🏾 https://t.co/524Vhxx9WV #UTSC #UofT pic.twitter.com/XRFNSOSLZn
— University of Toronto Scarborough (@UTSC) January 30, 2020
O resultado desta experiência pode ser visto como benéfico por dois ângulos. Por um lado, ao criar um outro produto valioso através do óleo utilizado, esta técnica pode servir de incentivo até para as empresas reciclarem mais o seu óleo – estimulando uma economia circular.
Por outro, para a própria impressão 3D é sempre interessante ter mais um material no qual se possa imprimir, especialmente com particularidades tão interessantes como é caso deste. Se pensarmos que se trata da reciclagem de um detrito, é muito provável que a resina final seja mais barata que os consumíveis de impressão correntes, para além de que é biodegradável a uma taxa muito superior à dos plásticos.