Numa sala austera, com pouca decoração, onde salta à vista uma cruz do lado direito, a bandeira brasileira do esquerdo e um retrato de Bolsonaro sobre a cabeça do interlocutor. Foi neste cenário que Roberto Alvim, Secretário Especial da Cultura do Governo brasileiro fez uma declaração ao país que está a gerar duras críticas.
https://twitter.com/CulturaGovBr/status/1217941233412321286
Com um ar duro, e as pálpebras franzidas, Roberto Alvim proferiu um discurso de apologia à arte brasileira com um vincado pendor nacionalista; o tom das suas afirmações atingiu o ponto mais baixo numa citação de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler.
Qualquer semelhança não é mera coincidência pic.twitter.com/PEMcZ8MdLq
— E.R.I.C.A🌈⃤ (@nayobhi) January 17, 2020
Entre as várias afirmações de Roberto Alvim, é possível perceber a toada do seu discurso, mas foi na frase “a arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional” que o seu enquadramento se tornou claro. O Secretário da Cultura do Governo de Bolsonaro apelou a uma estética da maioria – uma ideia que vai, tacitamente, contra a ideia da arte enquanto expressão cultural das diversas minorias e individualidades, mas tem sido comum no Governo brasileiro em posse.
“Arte que cria a sua própria qualidade a partir da nacionalidade plena”
“Almejamos uma nova arte nacional, capaz de encarnar simbolicamente os anseios desta maioria da população brasileira”
O vídeo, publicado no Twitter, tinha como intenção anunciar o Prémio Nacional das Artes e as diversas categorias que, pelo que se percebe pelo enquadramento, privilegiará obras de arte que sigam os trâmites definidos pela Secretaria promotora deste vídeo.