Justin Bieber é indubitavelmente um dos maiores artistas do mundo da pop dos últimos tempos. Durante toda a sua carreira de cerca de 13 anos, o artista já arrecadou dezenas de prémios e centenas de nomeações no mundo da música, e conseguiu que cinco das suas faixas chegassem ao nº 1 da lista Billboard Top 100. Em suma, podemos dizer que Bieber já viu mais sucesso do que muitos artistas alguma vez vão ver.
No passado dia 3 de Janeiro, o músico canadiano fez o seu regresso com o lançamento do single “Yummy”. Era um regresso bastante aguardado visto que Bieber já não lançava nenhum tema a solo desde o álbum Purpose, no final do ano de 2015. Mas com o lançamento de “Yummy” veio também um apelo muito sentido e um tanto interesseiro. No seu Instagram, Bieber pediu que os fãs levassem a faixa de novo até nº 1, para que no regresso o músico atingisse o sexto primeiro ligar da lista da Billboard, sem olhar a meios para atingir o seu fim. O post entretanto foi removido devido à quantidade de “backlash” que o artista obteve mas já la vamos.
Falemos agora de Roddy Ricch, um rapper norte americano que recentemente lançou o seu primeiro projecto, Please Excuse Me for Being Antisocial. Entre as faixas do projecto está “The Box”, uma música que desde o momento em que foi lançada tem feito furor pelas redes sociais e chegou, sem apelo, ao Top 100 dos singles mais ouvidos da Billboard. O sucesso deve-se em parte à sample utilizada ao longo da música, gravada pelo próprio artista e que dá a entoação “assustadora” à música.
Comparando as duas músicas, é simples: “The Box” é uma faixa muito superior a “Yummy” por ser mais ambiciosa e mais interessante. Para além disto, “Yummy” foi notavelmente talhada para ser um single de sucesso e para apelar ao maior número de pessoas possível, com uma letra repetitiva e simples e um instrumental extremamente banal, ao passo que em “The Box” Roddy Ricch estava simplesmente a tentar fazer uma música que ele gostasse.
Mas o cerne da questão não está na qualidade musical, nem no facto de os artistas pedirem que os seus fãs ouçam a música que fazem. Isso é, aliás, bastante lógico e de interesse mútuo: os fãs querem ouvir o conteúdo musical novo dos artistas e os artistas querem que os seus fãs o ouçam. A questão é a maneira como Bieber impinge a sua faixa à audiência, pedindo-lhes mesmo que enganem os serviços de streaming. No post, Bieber pedia aos fãs que não são americanos para utilizarem uma VPN para os números de streaming contarem para a lista e que deixassem a música a tocar ‘baixinho’ enquanto estão a dormir, numa clara tentativa de adulteração dos dados de streaming. Para além disso, pedia que comprassem a música várias vezes no seu site e que ao ouvir no YouTube o fizessem sem estarem loggados, que não saltassem os anúncios e não pusessem em mute.
Este problema não é único, visto que artistas como DJ Khaled também já tentaram adulterar os seu números de forma a conseguirem chegar ao Top 1, e também não será a última vez que ouvimos de um caso semelhante, em que titãs da indústria tentam destronar artistas que realmente se importam com o que lançam e que nem sequer pensam em atingir os tops quando lançam as suas faixas. A solução, em parte, resume-se à Billboard assumir que estas adulterações são comuns e começar a não contar determinados dados, da mesma forma que o YouTube previne problemas semelhantes.
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