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Página1, o jornal da Renascença que se podia imprimir em casa e ler onde quisesse

Página1, o jornal da Renascença que se podia imprimir em casa e ler onde quisesse

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26 Novembro, 2019 /
Foto via Shifter

Índice do Artigo:

O Página1 foi uma iniciativa da rádio Renascença lançado em 2007. Consistia num jornal em PDF que os ouvintes podiam descarregar e imprimir em papel, localmente. O projecto durou até meados de 2014.

Em 2007, o panorama tecnológico era muito diferente daquele que hoje se assinala. A internet era mais fixa que móvel, e a comunicação social – habituada ao papel, ao rádio do carro e à televisão do telejornal – começava a tentar compreender aquele novo e revolucionário meio. Actualmente, a internet está em todo o lado, nomeadamente nos smartphones que carregamos no bolso, e o 4G tornou qualquer conteúdo acessível numa questão de segundos.

Os canais tradicionais continuam vivos, em 2019, mas ganharam dinâmicas diferentes com os digitais. Pode dizer-se que a rádio está mais viva que nunca, que as redes sociais ajudam a comunicar a programação televisiva e que o papel continua a ser valorizado enquanto suporte de leitura. Ainda esta semana, o Shifter, uma publicação que nasceu no digital, apresentou esta semana uma edição em papel: pequenas revistas (ou zines) que qualquer um poderá imprimir na sua impressora e levar para onde quiser.

Apesar de ser um projecto original, o formato não é bem inédito cá e os arquivos da web mostram-no. O Página1 foi uma iniciativa da rádio Renascença lançado em 2007. Consistia num jornal em PDF que os ouvintes podiam descarregar e imprimir em papel, localmente. O projecto durou até meados de 2014, altura em que a Renascença decidiu transformar o Página1 num portal online – actualmente, o pagina1.pt reencaminha para o site da rádio, que é hoje um portal de notícias e outros conteúdos escritos e multimédia, devidamente integrado com a programação radiofónica.

Imagem via Web Archive

O Página1 foi lançado com duas edições diárias, uma às 12h30 e outra às 17h30, com as notícias mais importantes da actualidade. Um ano depois, o projecto passou a contar apenas com uma edição por dia, só ao final do dia, tendo existindo um reforço da equipa afecta ao projecto e uma diversificação dos conteúdos. Pedro Leal, director-adjunto de informação da Renascença, explicava que a ideia era “apostar na produção própria com temas que podem ou não ir à rádio e que podem ter origem na Página1”. “Só fazemos uma edição, mas ganhamos reflexão, capacidade de escolha, decisão e produção própria que antes não tínhamos”, dizia.

O Página1 já não está disponível, mas através do Web Archive é possível espreitar o site do projecto, bem como aceder a alguns dos PDFs. Em 2010, a Renascença lançou uma edição temática e especial do Página1 dedicada ao Mundial de futebol daquele ano. A ideia de “faz-tu-mesmo” e imprime o teu próprio jornal manteve-se até 2014, quando o Página1 passou a ser um portal de notícias online.

O Página1 foi uma ideia interessante numa altura em que a portabilidade das telecomunicações ainda não era uma realidade para todos. Um jornal que qualquer um podia imprimir e ler onde quisesse oferecia essa mobilidade de informação que hoje, através das redes sociais e dos nossos telemóveis, se consegue mais facilmente.

As zines do Shifter são, por seu lado, uma valorização do papel num momento em que tudo é digital e móvel, e em que às vezes é difícil desligarmo-nos do constante fluxo de conteúdos, notificações e mensagens. Queremos desenvolver uma revista que possa ser impressa em qualquer lado, em vez de sermos nós a imprimir um número fixo de exemplares e a fazer a sua distribuição geográfica (com os custos e o desperdício que tal representaria para o ambiente). O projecto é ainda embrionário e enquadra-se na iniciativa Shifter 2020.

Autor:
26 Novembro, 2019

Jornalista no Shifter. Escreve sobre a transição das cidades e a digitalização da sociedade. Co-fundador do projecto. Twitter: @mruiandre

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