16 anos depois, Josh Homme regressa às Desert Sessions

16 anos depois, Josh Homme regressa às Desert Sessions

7 Novembro, 2019 /

Índice do Artigo:

Um álbum que nos deixa com vontade de ver este super grupo musical em palcos portugueses.

Passaram-se exatamente 16 anos desde o lançamento do último álbum do grupo experimental de rock liderado por Josh Homme (Queens of the Stone Age) e agora, com um novo lineup e novas mentes a trabalhar, o grupo surpreende-nos com Vols.11 & 12, que pode ser descrito como “short and sweet”.

O conceito das Desert Sessions, explicado muito simplesmente, é juntar uma série de músicos num único espaço, carregado de instrumentos fora do comum e tocar durante dias a fio sem nunca descartar qualquer ideia que surja, seja boa ou má. O propósito é precisamente criar um álbum experimental que contemple a contribuição de cada um dos intervenientes. Dois ingredientes fulcrais que ajudam a abrir os horizontes de todos os envolvidos e consequentemente, criar música mais “fora da caixa”, é o facto de os membros do grupo raramente se repetirem (o único que participou em todas as edições foi Josh Homme) e, para além disto, o facto de o leque de artistas convidados ser bastante abrangente, incluindo por exemplo nesta edição, lendas do rock como Billy Gibbons da banda de rock ZZ Top e Jake Shears, um dos vocalistas da banda de pop Scissor Sisters.

O nome do grupo deve-se ao local onde os projetos são gravados, um estúdio chamado Rancho de La Luna que se localiza no deserto da California. Por si só, esta localização já oferece uma certa mística e som característico às gravações lá feitas.

Os artistas que colaboraram nesta edição foram: Matt Berry, Billy Gibbons, Stella Mozgawa, Jake Shears, Mike Kerr, Carla Azar, Les Claypool, Matt Sweeney, Libby Grace e claro, Josh Homme.

Antes de começar a ouvir este álbum, devo admitir que não tinha as expetativas muito altas. Apesar de apreciar o conceito por detrás do projecto, nunca fui capaz de encontrar coesão entre as várias faixas dos projetos passados. No entanto, ao sentar-me a ouvir os 31 minutos que compõem este álbum, fiquei bastante feliz com o resultado.

Os pontos altos não tardam a chegar: a abertura dá-se com uma faixa que flui muito facilmente de stoner rock para blues e de blues para rock. O vocalista principal é Billy Gibbons, que canta sobre o amor que sente pela sua parceira. Imediatamente a seguir temos Noses in Roses, Forever que juntamente com If You Run conseguem captar exatamente o Desert Feel que Josh Homme nos tem habituado a ouvir desde há muitos anos. Apesar de terem uma sonoridade bastante semelhante, a primeira que mencionei é bastante mais energética do que a segunda, que conta com a estreia da voz espetacular de Libby Grace e guitarras de Josh Homme e Matt Sweeney.

Far East From the Trees é uma faixa instrumental que conta com o baixo de Les Claypool, bateria de Stella Mozgawa e Carla Azar e uma super-participação de Josh Homme, que toca piano, guitarra, clavinet (um instrumento de teclas derivado do cembalet), dobro (um tipo de guitarra acústica) e por fim, guitarra “cigar box”. É, portanto, uma faixa extremamente rica com muitas camadas de profundidade e com uma sonoridade que aparentemente nos transporta para o ambiente em que foi gravada.

Crucifire é uma curta explosão de energia com a participação do vocalista e baixista da banda Royal Blood, Mike Kerr e apesar de não ter a letra mais profunda, tanto as guitarras elétricas como a bateria estão spot on e fazem-nos desejar que Homme e Kerr se juntem mais vezes para fazer música no futuro.

Um outro ponto alto é a faixa Something You Can’t See cantada por Jake Shears. É uma música relaxada que nos deixa a sentir bem e com vontade de conduzir pelo deserto adentro, de janelas baixas e de óculos de sol.

Numa nota menos séria, temos provavelmente a faixa do projeto que menos me entusiasmou, Chic Tweetz, cantada por um membro desconhecido, criado especialmente para a ocasião, Töôrnst Hülpft. A letra da música anda à volta das aventuras sexuais desta personagem e da sua voz interior, interpretada por Matt Berry, um comediante britânico. O final da música é simplesmente um diálogo entre os dois intervenientes e, pelo tom da conversa, podemos assumir que foi inteiramente improvisada e criada no momento em que estavam a gravar.

O fecho do álbum dá-se com Easier Said Than Done, onde podemos comprovar de novo os dotes de Josh Homme para a escrita. Com uma bateria extremamente despida e um piano a acompanhá-la, ouvimos a voz de Homme a falar um pouco do quão difícil a vida é, mas que no final de contas, tudo vale a pena. O fim da música é por si mesmo uma metamorfose total em que os instrumentos crescem, a voz deixa de ser tão monótona e é assim que chegamos ao fim de mais uma Session.

É um álbum bastante agradável, fácil de ouvir e digerir, coeso e acima de tudo, original e com ideias frescas que me deixaram extremamente entusiasmado com possíveis colaborações entre os vários intervenientes. O grupo já referiu a possibilidade de virem a fazer tour mundial durante o próximo ano, portanto resta-nos desejar que Portugal tenha a sorte de ser presenteado com a presença em palcos nacionais deste super-grupo musical.

Autor:
7 Novembro, 2019

Engenheiro Informático de profissão, Pedro Caldeira é um apaixonado por tecnologia e acima de tudo música. Escreve regularmente sobre temas relacionados com tecnologia disruptiva e sobre álbuns e artistas que o inspiram.

Ver todos os artigos
Partilha este artigo:
Recebe os conteúdos do Shifter, semanalmente no teu e-mail.
Partilha este artigo:

Outros artigos de que podes gostar: