Para marcar o lançamento oficial da sua editora independente, a Edita_X vai organizar no próximo fim-de-semana uma feira do livro para a qual convidou outras editoras independentes, assim como outros tipos de projectos editoriais e independentes, como o Jornal Mapa ou o Shifter. A iniciativa, intitulada ConteXta, tem entrada livre e decorrerá no Palácio Baldaya, em Benfica, com uma programação diversificada.
Além da feira propriamente dita, o ConteXta contará com apresentações de livros, exibição de documentários, oficinas de trabalho, actividades para crianças, e também alguns concertos na noite de sábado. Toda a programação do evento encaixa no posicionamento da Edita_X, que se quer apresentar como uma espécie de ‘editora-activista’.
Edita_X, uma ‘editora-activista’
Há diferentes formas de ser activista. Podemos activamente escrever sobre um determinado assunto, defendendo um ponto de vista, organizar encontros para juntar pessoas que defendam as mesmas causas e criar assim massa crítica, promover manifestações, realizar documentários ou… editar livros. A Edita_X entrou por este último caminho. Com uma equipa de três pessoas e sede no próprio Palácio Baldaya, a Edita_X quer fazer activismo através da edição de livros e trazer para as bancas temas como o ambiente e a sustentabilidade do planeta, o veganismo e a libertação animal, os direitos humanos, o racismo e a identidade de género, a promoção da cultura e da leitura…
Enquanto editora independente, que responde por si e por mais ninguém, a Edita_X procura ter uma linha editorial distinta das grandes editoras e que reflicta uma série de princípios: respeitar-nos e aos outros; lutar contra a exploração e a opressão; dar voz à diferença e ao extraordinário; viver, amar e editar em liberdade. Elisabete Santos, João Marin e Rute Pires começaram a pensar na Edita_X mais ou menos em 2012, mas o projecto só ganhou estrutura há pouco mais de um ano, precisamente no Palácio Baldaya. Elisabete e Rute trabalhavam numa grande editora, onde acompanhavam o processo de edição de um livro desde o momento em que o autor entrega o texto à sua publicação, ilustrado e paginado. Já João conheceram-no no longo processo de definição e estruturação da Edita_X – dizem elas que é o membro organizado do grupo, responsável pela parte mais burocrática, como a contabilidade, e um excelente paginador.
Os princípios e as causas que definiram para a Edita_X são os valores que Elisabete, João e Rute também levam a peito e em que acreditam na sua vida pessoal. Mas, na Edita_X, não querem somente editar livros que falem sobre questões de ambiente ou de direitos humanos; procuram nesse trabalho de edição pôr em prática esses princípios, garantindo, por exemplo, que a impressão dos seus livros é local (para evitar despesas ambientais com o transporte) ou que as empresas com as quais trabalham respeitam ao máximo os direitos dos seus trabalhadores.
Esta filosofia de trabalho e de edição da Edita_X vai estar reflectida no ConteXta. Nas bandas da feira estarão projectos que, de uma forma ou de outra, têm a ver com a linha editorial da Edita_X e a comida à venda será vegan, dos projectos Vegano Social Club e Soul Food Vegan).
O que fazer no ConteXta?
Quem quiser saber mais sobre a Edita_X, pode procurar a apresentação do projecto no sábado, 15h50, no Salão Nobre; entre sábado e domingo, à tarde, a Edita_X fará no ConteXta apresentações dos seis livros com que se estreia no mercado, contando com a ajuda de entidades como a ANIMAL, a SOS Racismo ou a Vegano Social Club. Entre os seis livros da Edita_X, cinco são traduções internacionais, sendo o outro livro um original português, de uma autora e uma ilustradora portuguesas.
Para quem tem filhos, a ConteXta contará com uma programação infantil na Ludoteca do Palácio Baldaya. Além da sessões de leitura, haverá uma actividade de ilustração, uma sessão sobre cozinha vegan ou uma oficina sobre origami.
Vão haver ainda dois debates – um às 11h00 de domingo sobre literatura infantil com a editora de autoras e autores africanos FALAS AFRIKANAS; outro às 15h00 sobre os desafios da edição independente com um painel ainda a ser definido; existirá, também no domingo, às 15h15, uma oficina de tipografia com o estúdio de tipografia tradicional Quadratim.
Pela ConteXta também passará a exibição de alguns documentários. No sábado, às 17h15, o piso 1 da Biblioteca transforma-se numa sala de cinema para receber Behind the Mask: The Story Of The People Who Risk Everything To Save Animals, de Shannon Keith; e depois, às 18h30, Fracking the Contract, de Sophie Rousmaniere; já de manhã, a partir das 11h00, serão apresentados alguns vídeos de Ruby Roth, autora norte-americana de livros infantis sobre animais e veganismo, que terá duas obras traduzidas e editadas em português pela Edita_X – É Por Isso Que Não Comemos Animais e Veganismo É Amor. No domingo, os docs passam para o Salão Nobre – às 16h45, haverá os documentários Manti Firmi Mana e Pensão Madeira: Quando A Realidade Vem Ao De Cima, do colectivo audiovisual Outros Ângulos.; e às 18h00, decorrerá uma sessão com Eduarda Alice Santos, do Grupo Transexual Portugal, e a exibição de alguns vídeos sobre activismo pela identidade de género.
A ConteXta terá ainda três concertos de músicos e de músicas em que a palavra é central. Terão lugar no final de sábado, no Salão Nobre: às 19h50, o reggae acústico de Freddy Locks; às 20h35, o “hip hop vegan” de GAEA, e às 21h20, um folk-punk “anarquista” de Sharp Knives.
Quem vai estar na feira?
Todavia, ao longo dos dias de sábado e domingo, a principal actividade do ConteXta será a feira onde estará uma variedade de editoras, livrarias e colectivos editoriais independentes, que estarão não só a apresentar-se como a apresentar os seus livros: a Anjo Terrível, a Barricada de Livros, a BCF Editores, a Bestiário, a Bicicleta Edições, a Calçada das Letras, o Centro de Cultura Libertária, a Douda Correria, a Espaço Ulmeiro, a FALAS AFRIKANAS, a FENDA, a Huggly Books, a Ké Animal Es Ese Gato, a Língua Morta, a Livraria Ler Devagar, a Livraria Letra Livre, a Maldoror, a Momo, a Montag, o Homem do Saco, a Pianola Editores, a Rochedo Edições, a Sapata Press, a Livraria Snob, a Textos Subterrâneos, a Tortuga, a Ululatus Edições e a VS Editor.
Na ConteXta não haverá só livros, mas também jornais e revistas de edição independente, com a presença do Shifter, Jornal Mapa, da posterzine feminista NOIZ, do colectivo de zines Zinistras e do jornal anarquista e já centenário A Batalha.
Pelas bancas da ConteXta será ainda possível descobrir alguns projectos individuais e de teor artístico, como os do fotógrafo Arlindo Pinto, da artista Inês Xavier e da ilustradora Luna Kirsche. Destaque ainda para a presença do jovem e estreante escritor Alex Couto, que já colaborou com o Shifter e que irá apresentar pela primeira vezes neste ConteXta o seu Nova Lisboa – nas palavras do próprio, “um guia turístico literário, onde Alex Couto faz uma série de paragens por uma Lisboa absurda, que parece ser algo diferente daquela onde viveu até agora”.
Estarão também presentes na ConteXta a Escola Portuguesa de Moçambique, o Estúdio Bullufas, uma marca portuguesa de estacionário e material editorial, a Rise Clan, uma marca de roupa urbana de comércio justo, consciente, ecológica e com algo para dizer, e o colectivo cívico VOE – Veganismo de Oposição à Exploração.
A ConteXta abrirá às 10 horas no sábado e domingo; encerrará às 22 no sábado e mais cedo, às 19 no domingo. Podes saber mais sobre a ConteXta na página geral do evento no Facebook; detalhes mais específicos dos concertos e das actividades infantis estão em eventos separados no Facebook. Quanto à Edita_X, poderás conhecer o projecto no seu site oficial, onde também já está disponível uma loja para venda online dos livros por si editados – a Edita_X está neste momento à procura de livrarias físicas onde também possa vender as suas edições, tendo já um ou dois contactos firmados.
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