As eleições legislativas estão aí à porta e iniciativas vindas da sociedade para promover uma maior acessibilidade à informação útil à decisão de voto não param de surgir. Se o Política Para Todos é capaz de ser a mais ambiciosa e promissora no tempo, pelo menos outros dois projectos entraram em contacto com o Shifter a pedir alguma divulgação.
Legislativas2019.com
Uma dessas iniciativas chama-se Legislativas2019.com e vive nesse URL. Ao contrário do Política Para Todos, que tem uma proposta além das eleições de 6 de Outubro, este site é específico para estas legislativas e sintetiza os programas eleitorais de cada partido (o Política Para Todos limita-se a linká-los). “Criámos este site, para promover o voto informado e combater a abstenção”, explicam Pedro de Abreu Leal, finalista de Gestão na Nova SBE, e Francisco Campaniço, que está a tirar um mestrado em Engenharia Informática e de Computadores no Técnico, no e-mail enviado ao Shifter. “Lemos 9 programas eleitorais, e resumimos as propostas de cada partido por temas, referindo em que página cada uma se encontra. Infelizmente, por sermos apenas dois e estudantes a tempo inteiro, não conseguimos resumir os programas dos restantes 12 partidos, mas temos links para os seus sites e programas eleitorais também no site.”
O Legislativas2019.com tem algumas semelhanças com o PoliticaParaTodos.pt, mas também as diferenças são várias. Em primeiro lugar, é possível navegar por áreas temáticas, como finanças ou educação, e numa só página comparar os programas de dois partidos lado a lado. A plataforma também serve de directório para os programas completos de cada partidos, oferecendo ligações para os seus sites oficiais e formulários de contacto. O Legislativas2019.com explica também como funcionam estas eleições, trabalho que o PoliticaParaTodos.pt tem desenvolvido através de vídeos curtos com recurso a animações e voz de Rui M. Pêgo.
Falta de Educação
“O meu nome é Nuno Can, tenho 18 anos e tenho trabalhado com diversas iniciativas relativas à Educação e Juventude. Reparei que, ao contrário do que costuma acontecer, a Educação tem sido um tema quase fora da campanha para estas Eleições Legislativas.”
Nuno apresentou-se assim no e-mail que nos enviou e a sua iniciativa chama-se Falta de Educação. Falta de originalidade não teve o Nuno na hora de nomear o projecto, que se debruça sobre as propostas dos partidos candidatos em matérias de Educação e Juventude. “Depois de quatro anos em que se questionam os currículos da escola pública, os métodos de avaliação de escolas, alunos e professores, o modelo de acesso ao ensino superior, entre outros, fiquei surpreendido com o avançar de uma campanha vazia nestes temas”, conta-nos numa espécie de pitch. “Assim, e motivado por uma notícia que dava conta deste problema, resumi em alguns dias as propostas eleitorais nas matérias de Educação e Juventude, e separei-as por temas e criei a plataforma Falta de Educação, aproveitando-me do trocadilho.”
Acedendo ao FaltaDeEducacao.pt, depois de um aviso a indicar que o projecto “não tem qualquer apoio, nem agenda política ou comercial”, Nuno apresenta-nos uma análise em percentagem da presença do tema da educação nos nos programas de cada partidos; o jovem auto-didata faz também um levantamento da frequência que palavras ou expressões como ‘ensino superior’, ‘jovens’, ‘natalidade’ ou ‘propinas’ surgem referidas. Por fim, o Falta de Educação resume as propostas eleitorais, organizando as ideias de cada força política por tópicos como “Escola Pública”, “Professores”, “Habitação Jovem” ou “Desporto”.
“Na plataforma, é possível ficar a saber, em cerca de 16 minutos (tempo média do leitura) todas as propostas eleitorais dos seis partidos com assento parlamentar”, sintetiza Nuno, que espera com este projecto contribuir para que os temas da educação e dos jovens sejam mais falados, procurando captar o interesse dos principais visados para estas legislativas.
Este tipo de projectos informativos, criados pela sociedade civil, são ferramentas que nos podem ajudar a navegar no mar de informação que nos inunda à porta de umas eleições mas não dispensam uma reflexão pessoal e algum investimento temporal. A política é um universo complexo e altamente subjectivo e mais do que nos ficarmos pela informação sintetizada que estes projectos apresentam devemos aproveitar os caminhos que eles nos apontam.
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