Se costumas andar pelas redes sociais, é provável que já te tenhas cruzado com alguém mais novo a usar a expressão Ok Boomer; se tens mais de 25 anos, é provável que não a tenhas percebido, mas a piada tornou-se um viral de tal ordem que merece a nossa explicação. Trata-se muito resumidamente da maior expressão do gap geracional que se vive hoje em dia na internet, onde coabitam pessoas nascidas depois de 2000 com outros com mai do dobro da sua idade.
Mas a questão não se prende só com a idade e está a tornar-se uma expressão de tal ordem que até há quem já tenha desenhado uma linha de merchandising para espalhar a mensagem.
A popularidade da expressão gerou-se sobretudo nas redes sociais onde andam os mais jovens, como o Twitter, Instagram ou TikTok; mas se no princípio podia representar uma resposta-tipo dos pertencentes à Geração Z em jeito de chamar ‘velhos’ aos Baby Boomers, rapidamente ganhou outras nuances. Antes de as explicarmos, façamos um ponto sobre as gerações.
Chamam-se Baby Boomers a todos aqueles que nasceram na chamada geração ‘pós-Segunda-Guerra Mundial’, entre 1946 e 1964; depois deste período conturbado, houve um aumento da natalidade que assim valeu a expressão ‘Boom’ neste epitáfio geracional. Depois desta geração, surgem os X, também conhecidos por Xennials, nascidos desde o meio dos 60s até ao meio dos 70s; neste caso diz-se que foi o fotógrafo Robert Capa quem primeira cunhou o termo ‘X’ — por ter representado uma quebra da natalidade, nos Estados Unidos há quem lhe chame a geração Baby Bust.
As gerações seguintes são as que mais commumente ouvimos ser nomeadas – entre os anos 1980 e os 1990 nasceram os Millenials (ou Geração Y) e depois disso os Centennials (ou Geração Z) que agora protagonizam este desafio geracional.
https://twitter.com/theneedledrop/status/1189380461820284928
Ok Boomer
Mas, como dizíamos, mais do que apontar simplesmente à diferença de idades óbvia e chamar ‘velhos’ àqueles que pertencem à geração dos Baby Boomers, a expressão ganhou força por ser utilizada como forma de demarcar um gap geracional; e, de certo modo, como um modo irónico de confrontar os mais velhos com alguns cepticismos incompreensíveis para os mais novos, como a negação do aquecimento global ou a rejeição da importância da saúde mental.
Assim, mais do que marcar uma diferença de idades, Ok Boomer marca a diferença de perspectivas e de formas de ver o mundo entre as diferentes gerações, como explica ao New York Times o criador do merchandising, Shannon O’Connor, de apenas 19 anos. “Muitos não acreditam no aquecimento global ou não acreditam que as pessoas podem arranjar empregos com cabelos pintados e muitos deles são teimosos nas suas posições; aí os jovens respondem ‘OK Boomer'”, diz.
Se perante esta explicação os mais velhos (boomers ou mesmo millenials que em 2019 podem já ter 38 anos) possam sentir-se ofendidos, uma investigadora de comunidades online ouvida pelo New York Times justifica o sentimento de revolta carregado pelos mais novos. É que tendo sido os últimos a nascer são a geração sentem que têm de lidar mais problemas de que não tiveram qualquer culpa, como o aquecimento global ou a desigualdade social, que se expressa no aumento absurdo do preço das rendas nas principais cidades ou aumentos de propinas, entre outros.
Entretanto, e sobre a criação de merchandising com esta expressão que se multiplica a olhos vistos, os seus criadores dizem que monetizar esta desigualdade é uma forma de protesto que simultaneamente servem para mitigar as consequências do sistema enviesado criado pelos ‘boomers’, servindo simultaneamente como elo de ligação para toda uma geração. Pode dizer-se que é uma arma numa guerra geracional mas… pelo menos é inofensiva e pode ser levada com sentido de humor.
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