A instabilidade que assombra o Líbano já percorre as ruas do país há mais de dez dias. Os libaneses revelaram-se e opuseram-se às forças do poder, resultando em atos de violência sobre os manifestantes. Várias artérias já foram bloqueadas na capital, Beirute, e em Inglaterra já se fazem manifestações à frente da embaixada libanesa. Como ato simbólico contra o Governo, os manifestantes formaram um cordão humano de dezenas de milhares de quilómetros por todo o país.
Solidarity from London. Hundreds here in front of the embassy. #Lebanon #لبنان_ينتفض pic.twitter.com/008JFFNo8F
— Ibrahim Halawi (@Ibrahimhalawi) October 19, 2019
É na rua que se faz a oposição ao Governo
Foi há mais de uma semana que os libaneses começaram a demonstrar o descontentamento face à governação do país. Tal como no Chile, as manifestações, que começaram contra uma medida específica, transformaram-se na voz de um povo para a melhoria de um país. Exigem agora uma reforma governamental que ponha fim ao regime de corrupção libanês.
Foi com o anúncio de novos impostos que o Governo instigou os manifestantes, nomeadamente uma taxação sobre as chamadas gratuitas via aplicações, como WhatsApp. No entanto, mesmo que o Governo tenha voltado atrás na decisão, já seria tarde demais: as pessoas já utilizavam as ruas como arma de oposição.
Este imposto sobre as chamadas surge, contudo, como um pretexto. Os libaneses enumeram um conjunto de fatores que os motivam a questionar a competência do Governo, como as recorrentes falhas da eletricidade, falta de água, mau serviço dos espaços públicos, aumento do desemprego, maus salários, entre outros.
Uma revolta que a História do país ainda não tinha visto
Segundos os dados oficiais, a sociedade libanesa é composta por cerca de 18 religiões, o que não constitui relevância nestas manifestações. Os libaneses lutam agora por um país menos corrupto sem olhar a crenças, deixando penduradas as diversas querelas religiosas.
É importante perceber que a religião, apesar de diversa, possui regras de representatividade governamental desde 1943, quando foi assinado um pacto. Neste sentido, o Presidente tem de ser cristão maronita, o Primeiro-Ministro sunita e o Presidente do Parlamento xiita.
E agora?
“Não aceitamos a queda da nossa presidência, nem a resignação do Governo, e não aceitamos, nestas condições, eleições antecipadas”, disse Hassan Nasrallah, secretário-geral do partido e organização armada xiita Hizbollah, na televisão libanesa.
O Governo, porém, não permaneceu parado face à revolta do eleitorado. Desde o início das manifestações que os políticos já levaram a cabo um conjunto de medidas sociais e económicas. Prometeram criar métodos contra a corrupção, apoiar as famílias mais carenciadas, diminuir o salário dos políticos, entre outras.
Agora, resta saber se se mantêm as manifestações, o que pode resultar na queda do Governo, eleições antecipadas ou até mesmo numa guerra civil.
The #Revolution for above 🇱🇧#Beirut #Lebanon pic.twitter.com/mmNzuNuzVE
— Rami Rizk (@rami_rizk) October 20, 2019
The #Revolution from above (2)🇱🇧#Beirut #Lebanon pic.twitter.com/G6zmsd7Cd5
— Rami Rizk (@rami_rizk) October 20, 2019
✌️🇱🇧#Revolution #لبنان_ينتفض pic.twitter.com/0qqylUIaB5
— Rami Rizk (@rami_rizk) October 23, 2019
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