Julian Assange foi segunda-feira, dia 21 de Outubro, mais uma vez presente a um tribunal londrino com o intuito de se defender da potencial extradição para os Estados Unidos. Depois de na última audição, no final de Maio deste ano, o sueco ter alegado incapacidade total de se deslocar a tribunal e ter sido ouvido por video-conferência, desta vez compareceu frente à juíza Vanessa Baraitser para confessar que mal consegue pensar decentemente e ver recusado o pedido da sua defesa.
A sua condição de saúde – depois de seis meses detido na prisão de alta segurança de Belmarsh e, segundo o relato do seu pai, de uma rotina que passa por 23 horas de prisão absolutamente solitária – continua a degradar-se. Um dos indícios deste pensamento atabalhoado e revelador de uma condição mental débil é relatado pela agência noticiosa Associated Press, que num registo do julgamento revela que Assange terá respondido com a sua data de nascimento quando lhe fora perguntado o seu primeiro nome. O sinal positivo dado pelo denunciante, acusado de revelar documentos secretos dos Estados Unidos, terá sido à entrada do tribunal quando Assange erguera o punho em direcção aos seus apoiantes enviando-lhes um sinal de esperança.
A defesa de Julian Assange procurava nesta audição pedir à justiça britânica um adiamento da decisão final sobre extradição, que está neste altura apontada para 25 de Fevereiro do próximo ano, depois de em Junho Sajid Javid, o então Ministro do Interior britânico, ter assinado a ordem que deu abertura a este processo. Assange arrisca 175 anos de prisão caso seja extraditado para os EUA e, mais uma vez, nesta sessão em tribunal, voltou a sublinhar que teme pela sua vida caso isso aconteça.
Julian Assange denunciou ainda o que considera ser um julgamento injusto, uma vez que opõe um homem há seis anos privado de liberdade e há seis meses privado de qualquer contacto com o exterior (mesmo que electrónico) a um dos Estados mais poderosos do mundo, obrigando-o a cumprir prazos muito exigentes. “O superpoder teve 10 anos para preparar a acusação e eu nem tenho acesso ao que escrevi. É muito difícil onde estou fazer alguma coisa e estas pessoas têm recursos ilimitados”, terá dito.
A equipa de defesa de Assange também não se poupou nas críticas ao julgamento e nas acusações ao superpoder. Denuncia que este é um julgamento politicamente motivado e, sobretudo, uma guerra contra os denunciantes, podendo esta mensagem servir de aviso para outros, que no futuro estejam na posse de documentos igualmente comprometedores.
Já o actual editor da Wikipedia, Kristinn Hrafnsson, fez uma declaração pública no exterior do tribunal. Hranfnsson justificou o pedido de adiamento com a descoberta de novas evidências de que a CIA pode, alegadamente, ter espiado as comuniações entre Assange e a sua equipa de advogados enquanto este estava preso na embaixada.
Speaking outside the court, WikiLeaks editor Kristinn Hrafnsson, described the conditions of Julian Assange’s detention as “shameful” and accused the CIA of attempting to spy on his legal team pic.twitter.com/lPq6ftA1gw
— Jon Ironmonger (@JonIronmonger) October 21, 2019