Quem acompanha Tekashi 6ix9ine sabe toda a controvérsia que existe à sua volta desde o princípio. Quem não sabe, é provável que agora tenha começado a ver o seu nome em notícias, por isso, comecemos pelo princípio da sua curta carreira.
Tudo começou no final de 2017 quando Daniel Hernandez, a partir daqui Tekashi69 ou 6ix9ine, lançou a música “Gummo”. O tema chegou ao 12º lugar da Billboard, valeu-lhe a platina e os primeiros minutos de fama. Mais tarde, o rapper norte-americano lançou a mixtape “Day69” e viu três dos singles deste registo a ascenderem igualmente ao top da Billboard. Daqui para a frente a carreira de 6ix9ine evoluiu a olhos vistos e o lançamento do álbum de estreia, “Dummy Boy”, também chegou aos tops apesar de ter gerado muitas críticas.
Mas este ‘sucesso’ não se deveu exclusivamente à excentricidade de 6ix9ine nas músicas, a persona de Hernandez e a controvérsia gerada nas redes sociais contribuíram muito para isso. As disputas com alguns rappers como Trippie Redd e Chief Keef, a personalidade activa no instagram, o sucesso da marca “Treyway” (do gang ao qual Tekashi estava afiliado) e uma amizade peculiar com o rapper 50 Cent, faziam com que 6ix9ine fosse o centro das atenções com o seu nome nas “bocas do mundo”, mas nem tudo foi um mar de rosas.
6ix9ine já trazia consigo polémica antes de experimentar a fama e o sucesso que o rap lhe reservara. Em 2017 foi acusado de conduta sexual incorrecta por ter participado, em 2015, num vídeo sexual onde aparecia uma menor — e nesse ano o rapper dera uma entrevista revelando a sua versão da história. Com o tempo e toda a atenção mediática, as controvérsias aumentaram e 2018 não foi excepção. Apesar de ter sido o melhor ano da curta carreira de 6ix9ine, com o lançamento de singles com grandes nomes da música como Nicky Minaj, Kanye West, Fetty Wap, Tory Lanez ou 50 Cent, o rapper viu o seu nome envolvido em cada vez mais polémicas.
O seu envolvimento nas discussões com Trippie Redd e Chief Keef escalou, chegando a haver confronto físico entre os rappers e amigos no aeroporto de Los Angeles e mais tarde em Nova Iorque, após as gravações da música “Fefe”, que contou com a participação de Nicky Minaj e Murda Beatz. A situação com Chief Keef foi a mais grave. As provocações repetiram-se ao longo do ano de 2018 e a 2 de Junho, Keef sofreu uma tentativa de assassinato. Após investigação contínua, Tekashi69 foi constituído arguido no incidente, apesar de ter estado em Los Angeles durante o dia da ocorrência.
A 16 de Novembro de 2018, na sua segunda aparição no “The Breakfast Club”, um programa de rádio que convida regularmente rappers, Tekashi disse algo que dias mais tarde se virou contra si.
“Só existe uma coisa que receio na vida. Não, duas coisas. Eu temo Deus, e temo o FBI”
Dois dias depois o medo de 6ix9ine tornou-se real. Tekashi, o seu ex-manager Kifano “Shotti” Jordan e mais três associados, foram presos. Daniel Hernandez foi acusado de crimes de assalto à mão armada, conspiração para assassinato, tráfico de drogas e de envolvimento com os Nine Trey Gang, um gangue afiliado aos Bloods, gangue histórico de Los Angeles que também actua em Compton, na Califórnia, e que já há muito vinha a ser investigado pelo FBI.
A 1 de Fevereiro de 2019, 6ix9ine declarou-se culpado de 9 crimes; o rapper assumira, inclusivamente, ter ordenado o assassinato de Chief Keef, algo que antes tinha negado. Mais tarde, outro rapper, Kooda B, assumira ao tribunal que Daniel Hernandez lhe pagara para arranjar alguém para cometer o crime.
Nessa altura, Tekashi 69 ficou a saber que as acusações que lhe foram imputadas poderiam valer, num julgamento normal, uma pena de prisão entre os 47 anos e a prisão perpétua; contudo um caminho atenuante viria a revelar-se. No dia 16 de Fevereiro, surgiu um documento que dizia que o arguido poderia ver a sua pena reduzida se colaborasse com as autoridades — e aí começa um novo capítulo da sua história.
“Se continuar a cooperar, o governo recomendará uma sentença abaixo do mínimo obrigatório.”
Após ter testemunhado contra dois membros do gangue Nine Trey Gangsters, a possibilidade de Tekashi sair da prisão é cada vez mais uma realidade e aponta já para o início de 2020, mas nem tudo é favorável a 6ix9ine neste cenário.
A comunidade de rap já o intitulou de “Snitch” (chibo, em inglês) e digamos que o burburinho e memes são tantos quanto a probabilidade de Tekashi sofrer represálias quando sair da prisão. O facto de Tekashi se ter “chibado” dos colegas e dos crimes que cometeram pode ter consequências graves e nesse sentido, foi-lhe recomendado entrar num programa de proteção de testemunhas para manter a sua segurança e a da sua família. O programa implicaria a mudança de país e de vida, passando por um visual novo que neste caso implica a remoção das mais de 200 tatuagens que Tekashi possui, algo que a justiça norte-americana já recusou financiar. Contudo, 6ix9ine terá recusado esta proposta. Segundo o website TMZ, 6ix9ine prefere contratar um grupo de guarda-costas que o acompanhe 24 horas por dia. Isto porque o rapper mantém a intenção de voltar ao activo e ao estrelato assim que for libertado.
Já é sabido de casos anteriores que os membros da Nine Trey Gangsters não “perdoam” quem os “apunhala pelas costas” e depender somente de guarda-costas diários poderá ser um risco para o rapper norte-americano — até porque num mundo gerido a dinheiro e subornos, pode até ser um deles a virar-se contra si. Continuar a carreira musical é outra aposta aparentemente arriscada, quer para Tekashi, quer para qualquer editora ou estrutura que decida apostar nele; a sua imagem inconfundível e os inimigos que terá feito ao testemunhar contra um dos gangues mais conhecidos dos Estados Unidos da América comprometem seriamente a segurança de eventos públicos em que o rapper participe, pelo menos num futuro próximo.
O que se segue para Tekashi69 só o tempo dirá. As próximas sessões do julgamento determinarão quanto.
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