Definir o Shifter sempre foi uma das tarefas mais difíceis do projecto e que fomos adiando indefinidamente. Ao longo dos tempos começámos como um blogue, evoluímos para nos auto-intitularmos um jornal, derivámos até ao conceito de revista mas em todos estes momentos fomos sentido que nada disto fazia total sentido. A nossa prática, focada no conteúdo e experimental na forma, dava-nos liberdade para ir alternando entre definições; mas, por outro lado, dificultava o momento de comunicar o projecto e atrair mais pessoas para a nossa comunidade. ‘O que é o Shifter? Porque o devo seguir?’ tornavam-se perguntas óbvias mas ainda assim difíceis de responder pelo conjunto de possíveis respostas que ao longo do tempo fomos acumulando.
Em 2018 chegámos ao SAPO, um portal de referência no país, a nossa audiência aumentou e com isso sentimos uma necessidade redobrada de lapidarmos a nossa editoria e tornarmos mais claro aquilo a que nos propomos. Assim, meses depois de termos lançado a 2ª fase do projecto, começámos a pensar numa terceira – esta que agora apresentamos.
Por esta altura, a equipa estava a mudar e as referências que inspiravam o projecto também – órgãos que serviram de inspiração ao Shifter como o Quartz, o Mic ou o The Outline sofriam mudanças drásticas e as novas inspirações vinham até nós pelas mais diversas fontes. Renovámos as referências, aproximámo-nos da comunidade nacional, conhecemos novas coisas e cada vez nos aproximávamos mais da imagem do que queríamos ser e como queríamos ser. Com a experiência aprendemos muito, ganhámos novos critérios, novas ideias e novas prioridades que teriam de emergir desde logo na definição do projecto.
Assim, sabíamos que na terceira fase do projecto os nossos valores, mais do que os nossos gostos estéticos ou as tendências, tinham de inspirar a mudança do Shifter: focados na ideia de comunidade decidimos transformar o que era um projecto proprietário numa iniciativa aberta – reforçando a ideia de que mais do que impostos, queremos ser representativos da comunidade que nos acompanha.
A verdade é que se chegar até esta conclusão foi relativamente fácil, rapidamente percebemos que não há uma forma certa ou parametrizada de o fazer – havendo antes muitas obras pequenas ideias que juntas podem resultar. Assim, entrámos em mais uma fase de experimentação, desta vez mais do que marcada por um novo logótipo, marcada por uma filosofia de desenvolvimento. Queremos ser um media open source ou, pelo menos, colaborar activamente no pensamento prático do que isto pode ser. Desenvolvendo mecânicas de colaboração e participação de quem nos acompanha, incentivando a comunicação próxima e os encontros entre quem escreve e quem lê, e partilhando a tecnologia que nos permite fazer tudo isto, esperamos dar o nosso contributo directo para o mundo que nos rodeia e inspirar para que outros o façam.
O novo Shifter será ainda mais livre, mais atento, mais rigoroso e mais pro-activo na definição das suas políticas; a adopção de licenças Creative Commons e a partilha de tecnologia e dados em repositórios online são duas das ideias que temos em plano e ajudam a explicitar o que inspirará uma definição editorial cada vez mais assertiva e novas formas de distribuir conteúdo, cada vez mais inovadoras.
Mais que um órgão de comunicação social, queremos criar um estúdio editorial – cooperativo, independente e criativo. Esse será o novo Shifter, diferente do antigo e de tudo o resto no panorama jornalístico português e onde todos são de alguma forma convidados a participar. Para já, contamos com o público para nos ajudar a informar e definir os pormenores desta mudança, no futuro reforçaremos as mecânicas que promovam entre os leitores um sentimento de representação.
Por agora acompanha a mudança em Shifter2020.pt, o sítio onde assinalaremos cada novo passo, ou através do nosso Instagram ou da conta de bastidores que criámos no Twitter.
[infobox]Como sabes, estamos a mudar o Shifter e parte dessa mudança é deixá-lo respirar. Até ao final de Agosto não vamos publicar artigos com a regularidade do costume, mas vamos abrir algumas excepções, para conteúdo que encaixa na nova definição do #Shifter2020 e nos permite ir pensando o projecto enquanto o fazemos.
Ainda assim, continuamos a querer a tua ajuda nesta nossa transformação! Para fazeres parte da mudança, segue a nossa conta de Instagram, o nosso novo Twitter @LabShifter ou o site Shifter2020.pt. Critica, sugere ou comenta e fica atento porque em breve começaremos um período de mudança ainda mais interactivo! Até já! [/infobox]
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