Berlim, tal como outras capitais europeias, vê-se com um problema de habitação em mãos, com casas cada vez mais caras que vão empurrando pessoas do centro para a periferia. Uma artista alemã decidiu pegar neste tema da pressão imobiliária e criou três anúncios fictícios a empreendimentos de luxo que afixou em três locais específicos de Berlim, cidade onde os preços das casas aumentaram 20,5% em 2017, ou seja, mais rápido que em qualquer outra cidade do mundo.
Como conta o jornal The Guardian, é possível que num primeiro olhar os cartazes nos pareçam 100% legítimos mas, ao vermos aberrações como cavalos e carrinhas do lixo nas ruas ou árvores a crescer de terraços, depressa percebemos que nada daquilo não faz muito sentido.
Em alemão, lê-se que os novos edifícios vão estar prontos em 2021 e é disponibilizado um número de telefone para que compradores e investidores potencialmente interessados possam saber mais e ‘reservar agora’. Há ainda outros pormenores deliciosos, como os três projectos estarem a cargo de engenheiros desesperados – “Ing. Büro Desperate Development”.
A autora dos cartazes, Dorothea Nold, 37 anos, colocou-os em zonas de Berlim onde, caso os projectos de construção fossem reais, certamente gerariam contestação pública, nomeadamente num jardim urbano muito conhecido, numa zona de animação nocturna e numa zona conhecida pela sua cena artística alternativa.
Ao The Guardian, Dorothea conta que os três empreendimentos fictícios têm tido muita procura e que chega a receber seis chamadas por dia de compradores interessados (alguns ligaram três vezes seguidas, temendo que as unidades tivessem compradas entretanto). A artista diz que esta resposta frenética reflecte a corrida desesperada para investir no mercado imobiliário em expansão de Berlim. A algumas pessoas que a contactaram teve de dizer logo que os anúncios eram falsos, dado o seu entusiasmo com a ideia de construir em alguns locais.
Muitos dos que ligaram estavam de visita a Berlim mas não eram de lá; Dorothea recebeu sobretudo chamadas de alemães, mas também de pessoas de Hong Kong, Austrália, Reino Unido, Suécia e Noruega. “Algumas pessoas pareciam querer apenas fazer parte da acção. Fiquei surpreendida com o facto de muitos dos que ligaram quererem comprar um apartamento, independentemente dos detalhes”, disse a artista. “Parece que algumas pessoas apenas viram o número de telefone e não repararam no resto da imagem.”
Incapaz de lidar com o volume de chamadas que estava a receber, Dorothea Nold começou a prometer aos compradores e investidores o envio de mais detalhes por e-mail, esperando que assim que virem com mais detalhe os empreendimentos percebam que não fazem sentido. Os cartazes vão estar na rua durante pelo menos mais um mês e a artista continuará a aceitar chamadas de potenciais interessados.
No seu site, Dorothea publicou os três cartazes: aqui, aqui e aqui.
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