Disputou-se esta semana a final da Liga Europa entre o Arsenal e o Chelsea. Os clubes jogaram em Baku, capital do Azerbaijão, e Henrikh Mkhitaryan, jogador do Arsenal e de nacionalidade arménia, acabou por não participar na final da competição. Na base da decisão esteve o conflito que separa os dois países há décadas e que levou o jogador a considerar não ter condições de segurança para se deslocar até ao Azerbeijão.
Having considered all the current options, we had to take the tough decision for me not to travel with the squad to the #UEL Final against #Chelsea […] pic.twitter.com/3CPrTvLquy
— Henrikh Mkhitaryan (@HenrikhMkh) May 21, 2019
A Arménia e o Azerbaijão partilham uma história de inimizade ditada por motivos políticos. A razão está na disputa de um território reclamado por ambos os países e chamado de Nagorno-Karabakh. Com a queda da URSS, a autoridade sobre a região foi questionada por arménios e azerbaijanos que, perante um desacordo, iniciaram uma guerra.
O início do conflito remonta ao final da Primeira Guerra Mundial, quando Estaline decretou que o território de Nagorno-Karabakh passaria a fazer parte do Azerbaijão, país recém-criado após a queda do Império Otomano. Os anos seguintes foram vividos sob ordens da então URSS.
O conflito iniciou-se em 1988 e prolongou-se até 1994 com a vitória da Arménia. Apesar de o território se proclamar independente, ele não é reconhecido por nenhum Estado no mundo. Os desentendimentos, além de políticos, têm também motivação religiosa. Nagorno-Karabakh é um território povoado por maioria étnica arménia cristã. Já os azerbaijanos são maioritariamente muçulmanos.
Apesar do cessar fogo em 1994, o conflito continua. Não foi assinado nenhum tratado de paz e os países mantêm relações problemáticas desde então. Em 2016, a Guerra dos Quatro Dias, disputada entre 1 e 5 de abril, foi considerado o pior momento desde 1994. Estima-se que tenham morrido mais de 300 pessoas.
O conflito político chegou agora ao mundo do futebol. No entanto, a querela entre os países já foi extrapolada para outras competições mundiais. Em 2012, a Arménia recusou participar no Festival Eurovisão da Canção quando este foi sediado em Baku. Quatro anos depois, em 2016 e no mesmo programa, a concorrente arménia transportou consigo para a arena de Estocolmo a bandeira de Nagorno-Karabakh, que estaria na lista de bandeiras proibidas na Eurovisão pelo seu peso político.
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