Artista convida-nos a sentir o cheiro e a poluição de outras cidades

Intitulado Pollution Pods, o trabalho de Pinksy recria em estruturas octogonais os ambientes de algumas das cidades mais famosas do mundo, procurando dar ao visitante uma exposição semelhante à de respirar nas suas ruas.
2 minutos de leitura
Post Author
  • O Shifter é uma revista comunitária de pensamento interseccional. O Shifter é uma revista de reflexão e crítica sobre tecnologia, sociedade e cultura, criada em comunidade e apoiada por quem a lê.

Foto via Michael Pinksy

“Cheira bem, cheira a Lisboa”, diz a tradição oral portuguesa inspirada num clássico do cancioneiro nacional. Embora a fórmula não tenha grande ciência, nem rigor, introduz-nos um conceito importante que raramente consciencializamos: as cidades têm cheiro. Não se trata de um perfume nem de uma fragrância de ambientador dispersa em cada esquina; em vez disso, é o resultado do conjunto de actividades que ocorrem na cidade. O cheiro de uma metrópole pode assim ser um bom indicador para, por exemplo aferirmos o seu grau e o tipo de poluição que nela predominam.

Foi a partir dessa ideia que o artista britânico Michael Pinksy criou uma experiência artística imersiva que, na semana passada, esteve em exibição no Centro de Convenções de Vancouver onde decorreu a última grande conferência TED. Intitulado Pollution Pods, o trabalho de Pinksy recria em estruturas octogonais os ambientes de algumas das cidades mais famosas do mundo, procurando dar ao visitante uma exposição semelhante à de respirar nas suas ruas.

Recorrendo a máquinas de fumo, humidificadores, compressores e incenso, em proporções especificas e cuidadosamente pensadas, Michael Pinksy recriou a atmosfera saturada de cidades como Londres, Nova Deli, Pequim e São Paulo e, para estabelecer um ponto contrastante, também a da da ilha de Tautra, na Noruega. A sua ideia é fazer com os visitantes da sua peça se apercebam das potenciais diferenças entre os ambientes atmosféricos, despertando numa segunda fase para a sua implicação na dinâmica do aquecimento global.

A criação de ambientes controlados, imersivos, em que apenas algumas das características são propositadamente induzidas, é uma forma de visualização de químicos e partículas que de outra forma são conceitos completamente abstractos para a maioria dos humanos. Nestes Pollution Pods, os visitantes podem efectivamente perceber a que cheira uma atmosfera rica em dióxido de carbono ou nitratos. A atmosfera de Londres tem o seu cheiro condicionado pela utilização massiva de motores a diesel, já São Paulo tem um cheiro avinagrado resultado da utilização de uma mistura que contém etanol como principal combustível.

Foto via Michael Pinksy
Foto via Michael Pinksy
Foto via Michael Pinksy

Quando questionado sobre qual a cidade que Michael considera ter melhor cheiro, o artista é sintético ao dizer que nenhuma; apenas zonas longe dos centros urbanos, como o topo de uma montanha têm ar realmente puro.

Partilha nas redes sociais:
Post Author
  • O Shifter é uma revista comunitária de pensamento interseccional. O Shifter é uma revista de reflexão e crítica sobre tecnologia, sociedade e cultura, criada em comunidade e apoiada por quem a lê.

Autor

  • O Shifter é uma revista comunitária de pensamento interseccional. O Shifter é uma revista de reflexão e crítica sobre tecnologia, sociedade e cultura, criada em comunidade e apoiada por quem a lê.

Sugestões de Leitura

Estamos a criar uma revista de reflexão e crítica sobre tecnologia, sociedade e cultura.

Uma revista criada em comunidade e apoiada por quem a lê.

Queremos fazer do Shifter um espaço de publicação para pensamento colectivo e comunitário, aberto a sugestões e diálogos. Um ponto de encontro entre diferentes actores da sociedade, da academia ao activismo, da cultura à política.

Bem-vind@ ao novo site do Shifter! Esta é uma versão beta em que ainda estamos a fazer alguns ajustes.Partilha a tua opinião enviando email para comunidade@shifter.pt