Estamos em Berlim.
Se sentiste a nossa ausência durante terça-feira, justificamo-la agora: acordámos às 4 da manhã em Lisboa para chegar por volta do meio dia a Berlim, numa viagem com escala em Munique. Viemos acompanhar o Landing Festival – sobre o qual te falaremos mais à frente – e aproveitámos a viagem para conhecer uma das capitais europeias mais importantes e mais efervescentes.
Berlim é uma cidade que, à distância, há muito nos chamava para a conhecermos. Ainda assim não deixou de ser uma enorme surpresa. Sentimo-la, de imediato, como uma cidade a ressacar dos anos de restrições — a analogia que surge em conversa é a de um jovem recém emancipado, que enche a casa nova de pósteres, livros e memorabilia criando uma espécie de caos confortável. A explosão parece ter resultado numa multiplicidade de sub-culturas, dinâmicas e vivências urbanas que aqui se encontram numa espécie de finalmente. Há grafitis em cada parede, muros e postes de electricidade revestidos com dezenas de camadas cartazes, lojas ‘trendy’ a conviver com kebabs de excelência e comércio de bugigangas, pessoas a fazer música na rua, bicicletas por todo o lado… literalmente.
Perdoem o clichê, mas Berlim é uma confusão organizada. Uma cidade vivida, com vida e onde dá vontade de viver — até demais, se é que nos entendem. Não se sente a rigidez de outras cidades, onde tudo tem de estar impecavelmente estruturado e imutável. O caos aqui é a ordem – até bicicletas e peões se entendem mutuamente apesar de partilharem muitas vezes o mesmo espaço. No meio dessa anarquia parece que ninguém se sente constagrido; toda a gente pode fazer o que quiser, até porque numa cidade que alberga 3,5 milhões de pessoas há uma indiferença positiva: ninguém quer saber de ti.
É claro que também existem “zonas sérias” em Berlim, como a área onde está o Parlamento e uma série de embaixadas, ou a espaçosa Alexanderplatz, a praça onde podemos encontrar as marcas a que estamos habituados. Mas Berlim não é a capital a que estamos habituados. Não há trânsito e sente-se uma serenidade nas ruas, independentemente de estarmos mais ou menos centrais, até porque Frankfurt, Munique e Hamburgo contribuem para uma distribuição geográfica dos serviços alemães, não estando tudo concentrado na capital.
Berlim é criativa, desembaraçada, proactiva. As primeiras impressões da cidade que vamos continuar a descobrir até ao final desta semana são boas e deixamos desde já uma nota aos leitores deste texto: estas são apreciações que fazemos com uma lente distorcida, pois claro, não tivéssemos todos essa lente quando saímos da nossa cidade e descobrimos um lugar novo. Afinal de contas estamos aqui com outro objectivo e as notas sobre a cidade são apenas algo que gostamos de partilhar.
O pretexto principal da viagem foi o Landing Festival, evento organizado pela start-up portuguesa Landing.jobs em Lisboa, Berlim e este ano também em Amesterdão. São dois dias de conferências misturadas com networking para profissionais e entusiastas de tecnologia – criptografia, internet descentralizada, código aberto, ciência de dados e inteligência artificial são temas que passarão pelo Landing Festival na capital alemã nos dias 3 e 4 de Abril. Até já.
Texto e fotos de João Ribeiro e Mário Rui André
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