São 42 os finalistas de cada um dos festivais da canção que se realizaram em cada país; são 42 que irão agora representar a sua comunidade no palco da gigante Eurovisão. Mas foi ao músico português, Conan Osiris, que Roger Waters dirigiu este sábado uma carta aberta. O ex-líder dos Pink Floyd está preocupado com a realização da Eurovisão em Tel Aviv, capital de Israel, o país que, apesar de não ser europeu, conquistou o público europeu na edição da Eurovisão que decorreu em Lisboa no ano passado.
A carta que Roger escreveu a Conan foi publicada na íntegra na sua página de Facebook depois de Conan não ter respondido a uma mensagem privada que o músico britânico lhe terá mandado. Na carta, Roger diz:
“Há uns dias, escrevi uma carta pessoal a um jovem e talentoso cantor português, Conan Osíris. Tinha acabado de ganhar o direito de representar Portugal na final do concurso da Eurovisão. Ouvi a sua canção e depois arranjei uma tradução da letra. É sobre usar o telemóvel e levanta questões sobre a vida e a morte e o amor. É muito profunda.
Disseram-se que o Conan Osiris poderia juntar-se a uma vasta rede de artistas que estão a dar atenção ao apelo palestiniano para boicotar a Eurovisão na Tel Aviv do apartheid. Por esse motivo lhe escrevi, sugerindo-lhe que tem aqui uma oportunidade de tomar uma posição pública pela vida contra a morte e pelos direitos humanos contra os erros humanos. Colocando-se ombro com ombro, com os seus irmãos palestinianos e irmãs oprimidos da Palestina. Poderia mostrar solidariedade com os 198 manifestantes não armados mortos ao tiro por snipers de Israel em Gaza só no ano passado, incluindo pelo menos 35 crianças. Mas como poderia o nosso irmão Conan tomar partido? Recusando-se a participar no branqueamento daquilo que um relatório recente da ONU refere como crimes de guerra e possivelmente crimes contra a humanidade cometidos por Israel, e abstendo-se de fornecer a sua arte para branquear a sistemática limpeza étnica das comunidades palestinianas autóctones para expandir e manter o seu Estado de apartheid.”
Na carta/publicação, que é mais longa, Roger Waters avança que lhe contaram que Conan já foi abordado pela Creative Community for Peace (CCfP), uma organização que, nas palavras do músico, serve para fazer propaganda governamental. “Faltam apenas dois meses para as finais da Eurovisão. Conan, eu sei o quão ‘persuasiva’ a CCfP e o resto da máquina de lóbi israelita consegue ser. Sabem exactamente como misturar bullying, ameaças e promessas para alcançar os seus objectivos. Boa sorte irmão, não estás sozinho. Existem 42 finalistas, entre eles deveremos encontrar aquele. (…) Aquele que será recordado por escolher o lado certo da história, defendo o amor, a paz verdadeira e a justiça. (…) Sê esse, Conan. Fá-lo apenas [just do it]”, prossegue Roger Waters.
Desde o apelo de Roger Warters no sábado que Conan Osisis não publicou qualquer resposta no seu Instagram, rede social onde é activo e onde alguns seguidores têm publicado comentários sobre a carta do ex-Pink Floyd.
Será que Conan vai aceitar o apelo de Roger e cancelar a ida a Israel? Os boicotes a Israel não são propriamente uma novidade. Ainda no ano passado o actor e dramaturgo Tiago Rodrigues, que dirige também o Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, cancelou a apresentação de uma peça sua no Israel Festival por lhe aferir uma conotação política e como forma de tomar posição.
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