Depois do lançamento do EP de apresentação (Boundaries, 2014) e do álbum de estreia (Hypertext, 2015), os Holy Nothing preparam agora a “edição fragmentada” do seu segundo álbum – Plural Real Animal.
Uma narrativa repartida em três capítulos. Três fragmentos de uma mesma história, que descreve um período de intensa composição da banda, entre a construção, destruição e reconstrução.
Um processo de fazer canções que, em continuidade com o iniciado em Hypertext, vive da multi-referenciação, do conflito e dos consensos, e agora da colaboração de vários intervenientes externos à banda, entre eles BaianaSystem, Barbatuques, Moullinex, Rui Maia, Angelo B (Bamba Social) e João Guimarães (Orquestra de Jazz de Matosinhos). Sobre estes recai a responsabilidade de quebrar com o comodismo e mimetismo processual, permitindo criar o “desconforto” necessário para criar “chão novo”. Um trabalho de inclusão preenchido de amigos novos e companheiros de longa data.
Três capítulos que serão apresentados em três momentos distintos. Cada um com uma identidade própria, cada um abraçando uma geografia especifica; no final, serão agrupados para formar um álbum e permitir uma quarta interpretação por parte do ouvinte.
Plural é uma viagem ao hemisfério sul do outro lado do Atlântico. Canções que utilizam simultaneamente o inglês e o português, numa descoberta da música mais tradicional do Brasil e da sua emergente música independente.
Real é manifesto sobre o cansaço perante a homogeneização neste novo mundo de múltiplas opções, afundado entre dogmas e falta de livre arbítrio na cultura do “white noise”.
Animal é experimental, nos limites do descontrolo, um desafio descomprometido ao ouvinte numa amostragem da infinidade dos limites por onde Holy Nothing gravita.
O primeiro capítulo
O primeiro capítulo, Plural, saiu esta quinta-feira, 28 de Março. É composto por três músicas e conta com a companhia de alguns amigos do outro lado do Atlântico e do outro hemisférico.
Entre estas, “Ruído” será seguramente a mais electrizante, nascida de um encontro inusitado em Lisboa entre os Holy Nothing e os BaianaSystem, a banda-revelação brasileira que está a levar a sonoridade da guitarra baiana a todos os pontos do globo. Os BaianaSystem participaram activamente na composição da música, acrescentando a organicidade das vozes, das percussões e das guitarras que funde a electrónica dos Holy Nothing com o espírito do Carnaval de Salvador da Bahia.
Na “Cheiro Verde” produz-se um rework de um original dos Barbatuques, projecto de música corporal que tem como matéria-prima a música tradicional brasileira. Este tema conta ainda com a participação de João Guimarães (Orquestra de Jazz de Matosinhos), que conduz esta viagem transatlântica através da inclusão de uma linha de saxofone descomprometida, por vezes improvisada, que nunca desaparece.
Por último, “Tropigal” leva-nos para um baile lento, entre o samba e a cumbia, construído a partir de um sampleda música “Estrada do Sol” interpretada por Gal Costa.
Este capítulo, Plural, é marcado por canções que se servem simultaneamente da língua portuguesa e inglesa e por uma descoberta experimental da música mais tradicional do Brasil e da sua música independente mais emergente. Uma ode ao multiculturalismo.
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